É lamentável a desinformação de boa parte da mídia. Mais lamentável ainda é perceber que há jornalistas que agem como mentes de aluguel. Eles poderiam recusar escrever o que o patrão quer, insistir em fazer o jornalismo verdadeiro. Maior que o salário recebido, o seu patrimônio é a credibilidade do trabalho que produz. Assim veríamos uma imprensa séria, merecedora de crédito. E o jornalista seria um profissional mais respeitado.
Vemos nas notícias sobre a Colômbia uma das mais emblemáticas canalhices da nossa mídia. Limita-se a repetir e a repetir o ditado enviado por Washington, em uma atitude burra e servil. A submissão é tanta que é bem provável que essa nossa mídia, em um conflito internacional com o “mundo civilizado”, torcesse contra o próprio País.
A nossa mídia não vai contar, por exemplo, que a declaração final do Tribunal Internacional de Opinião (TIO), encerrado em 18/09, na Bélgica, condenou o Estado Colombiano por “ação, permissão e omissão na violação dos direitos humanos”.
O Tribunal acusa o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, de violar direitos humanos, de ser responsável pela expulsão de camponeses de suas terras (cerca de 4milhões em 20 anos), de práticas genocidas, de seqüestro e desaparecimento de lideranças populares, de tortura e crimes de guerra em seu país. De acordo com os depoimentos, esses delitos são realizados por militares do exército e força pública em colaboração com paramilitares, apoiados por empresários e companhias transnacionais, sob a tutela de funcionários do governo.
Na sentença, o Tribunal também condena um grupo de transnacionais, entre elas, a Coca Cola, Chiquita Brands, Multifruit , Telefónica, Nestlé, Anglo American, BHP Billington, Monsanto, Repsol YPF, Unión FENOSA, Endesa e Holcim, “por violações graves e massivas dos direitos trabalhistas e da liberdade sindical e por sua co-responsabilidade em práticas genocidas e crimes de lesa humanidade.
A União Européia, por sua vez, é criticada pelo Tribunal por apoiar o governo colombiano e pelo envolvimento das multinacionais européias na Colômbia. Considera os governos da UE co-responsáveis por esse estado de coisas.
A instância acusa ainda o Governo estadunidense "por sua participação decisiva nos planos político, econômico e militar na criação, manutenção e impunidade da situação que foi denunciada".
Não contará também, a nossa mídia, que a Alta Corte Ocidental (Western High Court), com sede em Copenhague rechaçou o uso de quaisquer provas procedentes do judiciário colombiano, por concluir que a tortura e a violência são parte integral do sistema legal colombiano. A decisão foi tomada durante o julgamento da fábrica de roupa "Fighters & Lovers" (Guerreiros e Amantes), acusada de financiar o terrorismo, por seu apoio às Forças Aramadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), da Colômbia, e à Frente Popular de Libertação da Palestina(FPLP). A fábrica confeccionou camisetas, bonés e outros artigos esportivos com a marca das organizações e dizeres como: “A Luta Por Libertação Não É Terrorismo”.
- “A Corte de Primeira Instância em Copenhague já determinou que as FARC da Colômbia e o FLFP da Palestina não são terroristas. São movimentos de libertação legítimos, que lutam contra regimes repressivos e antidemocráticos”, disse Katrine Willumsen, da "Fighters & Lovers", ao sair do Tribunal. E acrescentou estarem muito agradecidos por todo o respaldo e apoio que receberam durante o processo, tanto a nível nacional como internacional”.
Um dos apoios recebidos, trecho da música gravada por DJs em apoio às Farcs e aos “guerreiros e amantes”:
"América", das Farc, interpretada pelo grupo Intergalactique
Leitura Complementar: As confissões de um paramilitar colombiano
.
Fontes:
Púlsar/CIN ; anncol-brasil ; ABP Notícias ; adital.com.br ; rebelion.org ; Sobre o Tribunal ; resistir.info ; Assassinatos e terror ; workers.org ; lama ; europe-solidaire.org
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário