A mídia vem há décadas inspirando a literatura, o teatro e o cinema. A lista de filmes remonta o cinema mudo: o filme de Frank Capra, O Poder da Imprensa, de 1928. O Preço de Uma Verdade, no entanto, está longe de retratar o repórter romântico do filme de Capra. Está mais próximo de Cidadão Kane, de Orson Welles, que trata de um jornalista que construiu um grande império de comunicação e foi o primeiro filme sobre imprensa a conquistar espaço na crítica.
O Preço de Uma Verdade (Shattered Glass, 2003), roteiro e direção do estreante Billy Ray, é a história real de um jovem e promissor jornalista dos anos 90 que teve sua carreira encerrada depois de ser desmascarado como um ‘repórter ficcionista’, cujos artigos eram fantasiados e alguns integralmente criados. Stephen Glass, no filme Hayden Christensen (Star Wars: A Ameaça Fantasma e Life as a House), com 25 anos, era o mais jovem editor-associado da tradicional revista de Washington The New Republic e freelance de importantes publicações como Rolling Stones, Hapers e George. A graciosidade de seus textos, assim como a originalidade de suas pautas e das declarações de seus entrevistados encantava os leitores e impressionava os colegas. No entanto ele abusava das fontes ‘off’ - artifício muito usado por alguns veículos de comunicação, mas condenada por outros mais rigorosos – para poder criar ou enfeitar seus artigos.
Em 95 minutos de suspense Billy Ray põe na tela a trajetória relâmpago de Glass, baseando-se no artigo Shattered Glass, de Buzz Bissinger, publicado em outubro de 1998 na Vanity Fair. O artigo, em forma de novela, relata passo a passo a trajetória relâmpago (1995-1998) do menino de ouro da The New Republic. De forma dinâmica e envolvente, Billy prende a atenção do espectador com flashback e fantasias desde a primeira cena. O início é pura imaginação, de um dos artigos inventados, mas com ‘off’ significativo em que Glass já expõe sua essência vaidosa e artificial.
A atuação de Hayden Christensen (Stephen Glass) é brilhante, assim como a de Peter Sarsgaard como Chuck Lane (o editor), que lhe rendeu o Globo de Ouro de ator coadjuvante. Peter Sarsgaard (Meninos Não Choram; Hora de Voltar) está também em cartaz no ótimo O Suspeito, onde confirma seu irrepreensível talento. No elenco ainda se destaca Chloë Sevigne (Dogville) muito convincente como Catilin Avey, amiga e confidente de Glass.
O filme é muito bom, vale a pena ver. Porém com olhos abertos para o nacionalismo estadunidense visível em alguns momentos, que tenta passar a imprensa norte-americana com uma credibilidade muito duvidosa.
O Preço de Uma Verdade (Shattered Glass, 2003), roteiro e direção do estreante Billy Ray, é a história real de um jovem e promissor jornalista dos anos 90 que teve sua carreira encerrada depois de ser desmascarado como um ‘repórter ficcionista’, cujos artigos eram fantasiados e alguns integralmente criados. Stephen Glass, no filme Hayden Christensen (Star Wars: A Ameaça Fantasma e Life as a House), com 25 anos, era o mais jovem editor-associado da tradicional revista de Washington The New Republic e freelance de importantes publicações como Rolling Stones, Hapers e George. A graciosidade de seus textos, assim como a originalidade de suas pautas e das declarações de seus entrevistados encantava os leitores e impressionava os colegas. No entanto ele abusava das fontes ‘off’ - artifício muito usado por alguns veículos de comunicação, mas condenada por outros mais rigorosos – para poder criar ou enfeitar seus artigos.
Em 95 minutos de suspense Billy Ray põe na tela a trajetória relâmpago de Glass, baseando-se no artigo Shattered Glass, de Buzz Bissinger, publicado em outubro de 1998 na Vanity Fair. O artigo, em forma de novela, relata passo a passo a trajetória relâmpago (1995-1998) do menino de ouro da The New Republic. De forma dinâmica e envolvente, Billy prende a atenção do espectador com flashback e fantasias desde a primeira cena. O início é pura imaginação, de um dos artigos inventados, mas com ‘off’ significativo em que Glass já expõe sua essência vaidosa e artificial.
A atuação de Hayden Christensen (Stephen Glass) é brilhante, assim como a de Peter Sarsgaard como Chuck Lane (o editor), que lhe rendeu o Globo de Ouro de ator coadjuvante. Peter Sarsgaard (Meninos Não Choram; Hora de Voltar) está também em cartaz no ótimo O Suspeito, onde confirma seu irrepreensível talento. No elenco ainda se destaca Chloë Sevigne (Dogville) muito convincente como Catilin Avey, amiga e confidente de Glass.
O filme é muito bom, vale a pena ver. Porém com olhos abertos para o nacionalismo estadunidense visível em alguns momentos, que tenta passar a imprensa norte-americana com uma credibilidade muito duvidosa.
Um comentário:
Leila
É interessante notar que a mídia assimilou o affaire Glass e até o glamourizou. O Stephen Glass só foi punido, porque ousou enganar aos seus patrões. Se tivesse ficado nas mentiras ou inverdades triviais de todo dia, como se faz na mídia, nada teria acontecido e provavelmente seria vencedor de prêmios, além de ser referência nas escolas de jornalismo e comunicação. Quando um antigo jornalista fala que a imprensa feita no passado era melhor, não está fazendo nenhum julgamento dos profissionais em atuação, está dizendo que "naqueles bons tempos", pelo fato de haver muito mais jornais, emissoras de rádio e televisões que agora, era possível mais apuro nas reportagens e nos artigos. Além disso, por força da ação política, pela atividade de poderosas entidades profissionais sindicais e estudantís, o debate era mais franco, a mídia não estava concentrada e nem dependia tanto da publicidade. Enfim, a despeito da truculência da direita, seja oral,escrita ou prática, o jornalista tinha uma ampla margem de manobra profissional e isso acabava privilegiando os que tinham maior capacidade analítica e independência quanto aos seus empregadores, ressalva feita aos que trabalhavam nos "Diários Associados" com Chateaubriand, em que a orientação era o humor e os interesses pecuniários ou políticos desse tycoon da mídia nacional.
O erro do Glass foi pretender ficcionar fora dos interesses patronais e do establishment. O engraçado foi ler alguns articulistas e editorialistas brasileiros. O tom era de puro espanto e dor por àquela violação ética. Hoje, depois de uma cuidadosa visão sobre a mídia nacional, compreende-se a razão do espanto e da dor. A ética fora violada, não pelas notícias e entrevistas de ficção, mas, acima de tudo, por ter ludibriado aos patrôes e demonstrado a pouca importância que a verdade tem para eles, tanto que nunca se preocuparam em verificar nada, pois, as "entrevistas" de Glass eram favoráveis aos interesses do The New Republic. O uso de "fontes seguras e de alto nível", que no passado era raro, hoje faz parte do corpo de todas as matérias veiculadas, sem que signifique o aumento fontes oficiais secretas.É, apenas, o recurso adotado pelas editorias para transformar mentiras e boatos em grandes matérias e escândalos. É o que há.
Como a maioria das atuais redações lembram aquários e caixinhas de vidro, fica a pergunta, não será uma espécie de homenagem ao glass?
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