segunda-feira, 12 de maio de 2008

INDIVIDUALISMO ESTADUNIDENSE TRIUNFOU

“1968 acabou. O individualismo da sociedade estadunidense triunfou.” As afirmações de Todd Glitlin, autor de “Os Anos 60 – Anos de Esperança, Dias de Ira”, foram dadas em entrevista a Lucas Mendes, em 2008, para a Rede Globo de Televisão. Gitin foi presidente da maior e mais importante organização estudantil dos EEUU, a SDS. Ele protagonizou os acontecimentos de 1968 e faz agora uma análise do movimento de ontem e de hoje.
“Não foi um conflito de gerações, isto é simplificação da mídia”, diz ele. Segundo Glitlin, o movimento foi o choque entre a esquerda e a direita, entre os desejosos de mudança e os conservadores, com componentes de um choque de geração.
Foi um ano tumultuado de confrontos e assassinatos. Martin Luther King foi assassinado, o que acirrou a luta por integração racial. O movimento negro estadunidense havia pouco mais de dois anos perdera Malcolm X. O assassinato de Bob Kennedy e enfrentamentos urbanos somam ainda na lista de fatos que contribuíram para o movimento pelos direitos civil e que foram agravados pela invasão do país ao Vietnam, que já dividia a própria elite política. Explica que o Partido Democrata obtivera um pequeno crescimento e as opiniões mais e menos conservadoras passaram a entrar em conflito, na questão imperialista, política, econômica e cultural.
Talvez se deva a esses acontecimentos difusos a tendência que há nos EEUU em não considerar 1968 com a mesma importância que têm mundialmente.
Para Todd, o movimento estudantil no EEUU cometeu muitos erros: queria fazer tudo sozinho, não elaborou uma análise de conjuntura relevante e era muito, muito arrogante. Parecia haver uma conexão mundial, inexplicável, com muito mais diferenças que semelhanças. “Talvez fosse a revolta mundial contra o imperialismo, talvez fosse a chegada da Era Aquarius, conforme a versão do movimento hippie”, afirma Todd crê que a vitória política foi dos conservadores. Houve, no entanto, muitas mudanças, muitos avanços, na questão racial, da mulher, do homossexualismo, de costumes e, principalmente, na atitude antiautoritarismo.
Para o presente, Todd vê tempos árduos. Os EEUU não retomarão o papel hegemônico econômica e politicamente que tinham antes. “Apesar de ser a política militar dominante, eles não têm o poder moral.” O governo Bush que, segundo ele, é herdeiro de Reagan, está arruinando o país e as forças econômicas são desestabilizadoras. Considera, ainda, seríssima a abordagem militar desencadeada pelo país no mundo e vê sinais de alguma mudança na eleição de Obama.
“Do que aprendemos com todo esse desastre, veremos” diz, referindo-se aos 28 anos de governos pautados pela direita.
É. Veremos.

Nenhum comentário:

BRASIL NUNCA MAIS

BRASIL NUNCA MAIS
clique para baixar. Íntegra ou tomos