domingo, 10 de julho de 2011

Por uma chuveirada, Dorival encara a guarda




O Dia Em Que Dorival Encarou a Guarda por tielsam

Por uma chuveirada, Dorival encara a guarda

Gaúcho de Uruguaiana (RS), o jornalista, romancista e cineasta Tabajara Ruas é autor de um relato que, pelas artes do cinema, ganhou vida própria: O dia em que Dorival encarou a guarda, oitavo capítulo do segundo romance de Ruas, “O amor de Pedro por João”.

  Por José Carlos Ruy, Portal Vermelho

O romance foi escrito no exílio, na Dinamarca. Militante contra a ditadura militar desde o tempo de estudante, em 1966, em Porto Alegre, Ruas exilou-se para não ser preso, e ficou fora do país entre 1971 e 1981 (morou no Uruguai, Chile, Argentina, Dinamarca, São Tomé e Príncipe e Portugal).

“O amor de Pedro por João”, explicou ele, é a história de lutadores contra a ditadura, “homens e mulheres das mais variadas classes sociais. Existe uma freira, alguns estudantes, militares e religiosos que constituem um grupo antimilitar, em fuga do Brasil em direção ao Chile” que permanecia um espaço democrático, e de refúgio para perseguidos políticos, antes do golpe militar do general fascista Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973. Estes personagens formavam, explicou, “um mosaico complexo, compondo todo o tecido social do Brasil”.

Em 1986, este trecho do romance serviu de argumento para o premiado curta metragem, que tem o mesmo nome do capítulo, e foi dirigido por Jorge Furtado e José Pedro Goulart, com a colaboração do próprio Ruas na elaboração do roteiro. O curta colecionou uma lista de prêmios, entre eles o de melhor curta, ator, júri popular e prêmio da crítica no Festival de Gramado de 1986, melhor curta de ficção no 21º Festival de Cinema Ibero americano de Huelva (Espanha), e no 8º Festival Internacional do Novo Cinema Latino americano de Havana (Cuba).

Em sua simplicidade e profundo sentido humano, a história tem a profundidade dos dramas clássicos gregos. É uma denúncia candente da bestialidade da tortura (e não só no período da ditadura militar de 1964...): depois de dez dias de cadeia, Dorival só queria tomar um banho. Por isso confrontou a entorpecente e irracional lógica carcerária de que “ordens são ordens”. Numa demonstração paradoxal de que não há conquista sem luta, e sem sacrifícios, ele “encara” a guarda, sofre as consequências mas, no fim, alcança seu objetivo e é posto debaixo do chuveiro.

Leia aqui o texto "O dia em que Dorival encarou a guarda", de Tabajara Ruas, na íntegra. 

Por uma chuveirada, Dorival encara a guarda - Portal Vermelho

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