Durante seu período à frente da Revolução Bolivariana - que mantém
sua fidelidade ao Plano Pátria, por ele escrito - Chávez ofereceu
ao mundo uma poderosa lição ao demonstrar, na prática, o papel
revolucionário de correntes militares, sempre que conscientes e
comprometidas com um programa de libertação nacional, de transformação
das velhas estruturas oligárquicas, dependentes do imperialismo,
erguidas para esmagar os povos, proibi-los do acesso à cultura, aos bens
da ciência e da tecnologia. Como seu próprio exemplo, Hugo Chávez ,
libertador de si mesmo pela via do compromisso com Bolívar renascido,
também libertou as forças armadas da Venezuela da prisão de seguir
cumprindo o papel de guardiã dos indefensáveis privilégios do império e
da burguesia vassala. Com isso, foi aberto um novo horizonte para que
os militares venezuelanos, sejam construtores do futuro, garantidores
da integração dos povos, protetores das conquistas sociais que fizeram
da Pátria de Bolívar o país que mais igualdade conquistou e que melhor
cumpre as Metas do Milênio definidas pela ONU na América Latina.
O papel revolucionário de correntes militares
A unidade cívico-militar é, provavelmente, um dos maiores legados
históricos semeados por Chávez, que, com inteligência e criatividade,
recuperou outras experiências da história, na qual, a unidade entre
militares e povo viabilizou profundas transformações sociais, tais como a
Revolução de 30, no Brasil, a Revolução Inca, no Peru, comandada pelo
General Alvarado, a Revolução dos Cravos, em Portugal, derrotando a
ditadura de Salazar, a Revolução Justicialista do General Peron, na
Argentina. Certamente, a resistência da Revolução Bolivariana, assediada
permanentemente nestes 15 anos de existência, deve-se, fundamentalmente
à união entre militares e povo , onde as forças armadas foram
transformadas em instrumento de defesa das transformações sociais, do
povo, da Pátria, dos ideais de Bolivar e da construção de uma sociedade
socialista.
Chávez , o internacionalista
São muitos os legados de Chávez, por isso é obrigatório usar o plural no
título, tão vasta é sua obra e seus exemplos. O Chávez
internacionalista, por exemplo, mantém vive na política exterior da
Revolução Bolivariana , que busca incessante, permanente, criativa, sem
sectarismo, de construção de uma Unidade Anti-Imperialista Mundial.
Notável é o papel de Chávez construção de alianças como com a Revolução
Iraniana, com a Siria Nacionalista, sua incansável luta para defender a
Revolução Líbia, denunciando o sanguinário massacre militar imperial
contra o povo líbio e o regime do Coronel Kadafi, ação criminosa
apresentada pela mídia imperialista como “Guerra Humanitária”, no que
foi apoiada por intelectuais europeus confusos, que chegaram a
justificar politicamente uma ocupação militar neocolonial. Chávez não
vacilou, apelou ao mundo, apelou ao Conselho de Segurança da ONU, ao seu
Secretário-Geral, denunciou o crime que se cometia contra a Líbia, por
parte de países que se julgam democráticos e que querem dominar o
mundo, como EUA, França, Inglaterra. Kadafi estava propondo a formação
de uma Organização do Tratado do Atlântico Sul, propunha a exclusão do
dólar nas operações com petróleo e , também, um novo impulso nas
articulações para a cooperação África e América Latina. Essas,
fundamentalmente, foram as razões para a sua destruição, sob a falsa
bandeira de “guerra humanitária”, uma manipulação denunciada
corajosamente pela Telesur, outro legado vivo de Chávez, que revelou-se
dos mais brilhantes e criativos comunicadores que o mundo contemporâneo
conheceu.
Construtor de nova arquitetura financeira
Nada é mais atual, dentro das obras que Chávez edificou, juntamente com
outros dirigentes como Lula, Nestor Kircher, Evo Morales, Rafael Correa
etc, do que o Banco do Sul, cuja entrada em operação plena poderá fazer
toda a diferença, inclusive porque agora já existe também o Banco dos
Brics, cuja criação detonou uma ação odiosa e ilegal do império contra a
presidenta Dilma Roussef, incluindo a espionagem sobre seu celular e
sobre a Petrobrás. Uma articulação, já anunciada, entre o Banco do Sul e
o Banco dos Brics, certamente terá efeitos e desdobramentos
internacionais de largo alcance, configurando uma nova situação não
apenas monetária, financeira, mas, sobreutdo, geopolítica, reduzindo a
incidência das políticas desastrosas do FMI.
Por esse novo desenho no quadro internacional, Chávez batalhou
arduamente, era uma chama viva, nunca se apagava. Em Porto Alegre
relembrou, tirando do ostracismo, a importantíssima Conferência de
Bandung, base para a criação do Movimento dos Não Alinhados, hoje
presidido pela heróica Revolução Iraniana, que resistiu a 36 anos de
sabotagem imperial e hoje já lança naves tripuladas ao espaço sideral,
com tecnologia própria. Era enorme a amizade entre o presidente Mahmud
Ahmadinejad e o comandante Chávez, além de sua admiração e respeito
pela civilização persa, bem como pela revolução iraniana, o que ser vê
de estímulo para que setores da esquerda, ainda resistentes aos vários
significados das transformações sociais na nação persa, reflitam sobre
aquele fenômeno histórico. A conclusão que Chávez nos trás com seu gesto
é que revoluções tanto podem ser engendradas nos quartéis, como nas
mesquitas.
Educador político incansável
O Chávez educador político, sempre convocando as novas gerações de
revolucionários ao estudo das experiências históricas. Por isso tanto
recordava a Peron, como ao Coronel Thomas Sankara, a quem chamava de
Guevara Negro, dirigente da Revolução de Burkina Fasso, na África,
como também ao coronel Nasser, a Torrijos, e o fazia de forma criativa
e estimulante, seja por meio de programas de televisão, de dialogo
permanente e ininterrupto com a militância de todos os países, seja
promovendo verdadeira revolução editorial na Venezuela em que textos
sobre estas experiências foram amplamente difundidos ao povo! Além
disso, suas reflexões sobre o internacionalismo revolucionário eram
sempre acompanhadas de iniciativas singulares, como, por exemplo, o
apoio às massas pobres dos Estados Unidos e da Inglaterra, com petróleo
para a calefação de suas moradias durante invernos rigorosos. E ,
sempre, essas iniciativas eram seguidas de ampla divulgação,
comunicador vibrante que era, denunciando, vigorosamente, o desprezo
imperial pelos seus próprios povos, apesar de tanto gasto com armamentos
e com ações militares contra outros povos.
Chávez, por sua audácia, lucidez e criatividade, provoca, mesmo após sua
sembra, um grande pânico nas burguesias latino-americanas, porque ele é
a prova de que se pode tanto unir massas exploradas e militares
patriotas em torno de um projeto de emancipação nacional, como também
se pode erradicar rapidamente o analfabetismo, aplicando o método de
alfabetização elaborado pela generosa Revolução Cubana. Demonstrou que
uma revolução orçamentária é possível ao fazer aplicação original da
renda petroleira, que serve tanto para industrializar o país como para
pagar as seculares dívidas sociais consubstanciadas na falta de
moradia, de hospitais, de remédios e de cidadania. Hoje, a Venezuela
possui o maior salário mínimo da região e uma das mais avançadas leis
trabalhistas também, o que, por muito tempo, foi representado pela
herança da CLT de Vargas e das leis laborais de Peron, de quem Chávez
tinha forte admiração.
Solidariedade
Se a Revolução Bolivariana é atacada, por sabotagens, tentativas de
golpe, assassinatos de dirigentes, desabastecimento desorganizado,
contrabando estimulado por dentro e por fora do país, campanhas
midiáticas terroristas que nunca cessaram, um dia sequer, porque ela é
portadora de mandato histórico e coletivo gerado pela persistência,
determinação e consciência revolucionárias de Hugo Chávez e seu
compromisso com o socialismo! Qualquer presidente que tente avançar em
mudanças políticas e sociais democratizantes é logo chamado de
“bolivariano”, de “chavista”, como aconteceu com a Presidente Dilma ao
propor a reforma política, a convocação de uma Constituinte e de um
plebiscito.
Os vários e imprescindíveis legados de Chávez para o mundo, são temas
muito vastos e ricos apenas para um artigo. Por isso, é muito importante
que se publiquem livros, artigos, e que se difundam vídeos e filmes
sobre a obra e a maneira de atuar de Chávez, sobretudo agora que sua
maior obra, a Revolução Bolivariana, nascida da unidade cívico-militar,
está ameaçada pelo império e merece toda a solidariedade internacional,.
Uma solidariedade que inclua aprender, preservar e enriquecer todas as
lições de Chávez, mantendo-o vivo no coração e nas mentes de todos os
povos que lutam pela sua emancipação e libertação do jugo imperial!
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