O PSDB E O
SALÁRIO MÍNIMO
do Prof.
Lauro Mattei
Em entrevista
recente, Armínio Fraga – indicado para o cargo de Ministro da Fazenda caso o
PSDB vença o segundo turno das eleições presidenciais – fez novos comentários
sobre a questão dos salários no Brasil. Para ele, o salário mínimo cresceu muito
nos últimos anos e está num patamar muito elevado. Mesmo com alguns impactos positivos, é preciso avaliar os
custos dessa política de valorização do salário mínimo. Ou seja, é necessário
frear esse processo em curso. Esta posição é perfeitamente coerente com
posicionamentos do candidato tucano, conforme veremos mais adiante.
Como sabemos,
em 2011 houve um grande debate no Congresso Nacional sobre o tema, vindo a ser
promulgada a Lei nº 12.382, de 25.02.2011. Tal Lei estabeleceu uma política de alorização
do salário mínimo, com regras válidas para o período entre 2011 e 2015. Para
tanto, ficaram claros os diversos mecanismos de reajuste que garantem a preservação
do poder de compra do salário. Com isso, ficou estabelecida a reposição da inflação
(medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) relativa ao ano anterior,
mais um aumento real baseado no percentual de aumento do PIB de dois anos antes.
Por exemplo, o salário mínimo de 2014 foi reajustado pelo INPC de 2013 mais o percentual
de variação do PIB de 2011.
É esse
mecanismo que vem promovendo um aumento do salário mínimo comganhos reais, o
que permite a manutenção e ampliação do poder de compra dos trabalhadores, especialmente daqueles com níveis de renda
mais baixos. Com isso, o salário mínimo – que durante os dois mandatos do
Governo Lula já vinha aumentando seu poder real – foi ampliado durante o
governo Dilma em função da lei anterior. Isso promoveu uma valorização do
salário mínimo de aproximadamente 50% durante o governo atual, comparativamente
ao segundo mandato do governo FHC, quando Fraga era o presidente do BC.
Todavia, cabe
registrar que o candidato do PSDB Aécio votou contra essa lei em 2011, conforme
pode ser verificado nas gravações das sessões do Senado Federal (www.legis.senado.leg/br,
ir na página 4801). Não satisfeito com isso, o PSDB ainda tentou anular essa
lei após sua promulgação, entrando com uma ação de inconstitucionalidade junto
ao STF, pleito que foi negado porque o STF considerou a Lei 12.382 válida e de
acordo com os preceitos constitucionais.
Vejam alguns
dados comparativos básicos. Em 2002, último ano do mandato de FHC e de gestão
do Fraga no BC, o salário mínimo dolarizado correspondia a 86,21 dólares. Já em
2014, último ano do governo Dilma, este valor passou para 304,80 dólares.
Agora, se
considerarmos o valor necessário de acordo com os cálculos do DIEESE, nota-se
que em 2014 o valor do salário mínimo deveria ser de R$ 2.748,22, o que
corresponderia a 3.795 vezes o valor atual (R$ 724,00). Já em 2002 (último ano
do governo FHC) o valor necessário deveria ser de R$ 1.378,19, o que
correspondia a 6.89 vezes o valor daquele ano (RS 200,00). A conclusão
elementar é que a política de valorização do salário mínimo do governo Dilma
reduziu bastante a diferença entre o valor nominal do salário mínimo e o valor
necessário de acordo com os preceitos constitucionais.
Talvez seja
isto que esteja incomodando o candidato tucano e seu estafe. Afinal, mais
dinheiro para o trabalhador assalariado significa maior poder de compra para o
povo e menos dólares para o mercado especulativo, onde o candidato à Ministro
da Fazenda tucano é profundo conhecer e tem atuação preferencial.
É ISSO QUE VOCÊ QUER NOVAMENTE PARA O BRASIL?
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