Diversos blogs e a revista Carta Capital informam que o tal encontro que Lina Vieira, a Folha, O Globo e o Estadão dizem ter acontecidmo no dia 19 de dezembro, não pode ter acontecido no dia 19. Lina estava a caminho do Rio Grande do Norte, Dilma passou o dia em atividades públicas.
QUEM MENTIU?
Jorge Furtado*
Elio Gaspari é um jornalista com apreço pela verdade. Como todo mundo, pode cometer erros e os comete mas, eu suponho, sua intenção é publicar a verdade, ou o que julga ser a verdade. A notícia deve ter como ponto de partida a verdade factual. Dois exemplos de erros factuais cometidos por Elio Gaspari, os dois contra o governo Lula:
No dia 7 de setembro de 2003 Gaspari divulgou uma informação chocante: o Palácio do Planalto comprava dois tipos diferente de papel higiênico, o extrafino e o interfolhado.
“É com imenso pesar que aqui se transcrevem os termos do pregão 030/2003, convocado pelo Palácio do Planalto:
Objeto:
Aquisição de papéis diversos de higienização pessoal visando suprir os estoques da Coordenação Geral de Patrimônio, Engenharia e Transporte da Presidência da República (almoxarifado) por um período estimado de quatro meses, acrescida da margem de segurança de três meses para manutenção do estoque mínimo.
Das especificações e quantidades:
1) Papel higiênico extrafino, folha dupla, neutro. Medindo dez centímetros por 30 metros, cor branca, alta qualidade, 100% puro celulose, picotado e liso (2.560 rolos).
2) Papel higiênico interfolhado, folha dupla, medindo 11 centímetros por 21 metros, 100% celulose, matéria-prima virgem, cor branca, macio, resistente, hidrossolúvel, folhas intercaladas, compatível com porta-papel higiênico marca Ideal.
São dois, portanto, os tipos de papel higiênico usados no Planalto. Admitindo-se que sirvam para a mesma coisa e sabendo-se que, nesse uso, só há um lado (o de fora), bem que o chefe da Casa Civil, comissário José Dirceu, poderia dizer como funciona o processo de seleção petista para decidir quem rola no “extrafino” e quem milita no “interfolhado”.
Felizmente não era verdade. Gaspari admitiu o erro em sua coluna seguinte, no dia 14 de setembro de 2003:
“Foi injusta a insinuação de que o Palácio do Planalto mandou comprar papel higiênico de duas qualidades diferentes. O palácio licitou dois tipos de papel porque são dois os modelos de suporte existentes em seus banheiros. Em alguns casos, usam-se rolos, e em outros, caixinhas com papel interfolhado, aquele que, puxando-se um pedaço, aparece a ponta da folha seguinte. Os dois tipos de papel não são iguais, mas são semelhantes na qualidade.”
Em sua coluna de 29 de fevereiro de 2004 na FSP ele descrevia o pífio resultado da economia do governo Lula se comparado aos governos anteriores (faz tempo), e informava que o governo brasileiro gastava “cerca de R$ 3 bilhões anuais com produtos” da Microsoft. Para quem conhecia o estímulo do governo ao uso de softwares livres, a informação era chocante.
Felizmente também não era verdade. Gaspari admitiu o erro em sua coluna seguinte, no dia 7 de março de 2004:
“O governo federal não compra R$ 3 bilhões por ano de produtos da Microsoft. No ano fiscal de 2003, todos os negócios da empresa no Brasil somaram R$ 925 milhões. Disso, apenas 6% representam vendas para os governos federal, estaduais e municipais.”
Um erro considerável: de 6 bilhões gastos pelo governo Lula a conta baixou para 55 milhões gastos por todos os governos do país, municipais, estaduais e federal.
É possível que muitos dos leitores dos erros factuais publicados em destaque por Elio Gaspari não tenham lido suas correções, bem mais discretas, uma semana depois. Como jornalista, no entanto, ele fez o que tinha que fazer: admitiu o erro, no mesmo espaço.
Em sua coluna de hoje Gaspari comete mais um erro factual, outra vez prejudicial ao governo Lula. Gaspari informa que a ex-secretária Lina Vieira, que afirma ter sido chamada pela Ministra Dilma para uma reunião na Casa Civil, “estimou que o encontro pode ter ocorrido no dia 19 de dezembro passado”. Informa também que desapareceram os dados da agenda da Ministra relativos ao dia 19. Gaspari mais do que insinua que o tal desaparecimento tenha sido intencional:
“Quem quer acreditar nessa versão é obrigado a supor que aconteceu uma enorme coincidência.”
Pois vários blogs e a revista Carta Capital, que chegou as bancas antes da edição de domingo da Folha de São Paulo, informa que o tal encontro que Lina Vieira, a Folha, O Globo e o Estadão dizem ter acontecido no dia 19 de dezembro, não pode ter acontecido no dia 19, Lina estava a caminho do Rio Grande do Norte, Dilma passou o dia em atividades públicas.
Não é o caso de afirmar que Elio Gaspari tenha com a verdade uma “relação agreste”. Acreditemos em coincidências, esperando, para a próxima semana, que ele corrija mais este erro factual que cometeu contra o governo Lula.
“A verdade não é um desejo”, ensina Todorov. Merval Pereira, Mônica Valdvoguel, Clovis Rossi, Fernando Rodrigues, Elio Gaspari, Carlos Monforte, Carlos Alberto Sardemberg e outros jornalistas afirmaram ou insinuaram que Dilma Roussef mentiu ao negar a reunião com Lina Vieira. Vamos ver, no fim desta história, quem mentiu e quem vai ter que pedir desculpas.
QUEM MENTIU?
Jorge Furtado*
Elio Gaspari é um jornalista com apreço pela verdade. Como todo mundo, pode cometer erros e os comete mas, eu suponho, sua intenção é publicar a verdade, ou o que julga ser a verdade. A notícia deve ter como ponto de partida a verdade factual. Dois exemplos de erros factuais cometidos por Elio Gaspari, os dois contra o governo Lula:
No dia 7 de setembro de 2003 Gaspari divulgou uma informação chocante: o Palácio do Planalto comprava dois tipos diferente de papel higiênico, o extrafino e o interfolhado.
“É com imenso pesar que aqui se transcrevem os termos do pregão 030/2003, convocado pelo Palácio do Planalto:
Objeto:
Aquisição de papéis diversos de higienização pessoal visando suprir os estoques da Coordenação Geral de Patrimônio, Engenharia e Transporte da Presidência da República (almoxarifado) por um período estimado de quatro meses, acrescida da margem de segurança de três meses para manutenção do estoque mínimo.
Das especificações e quantidades:
1) Papel higiênico extrafino, folha dupla, neutro. Medindo dez centímetros por 30 metros, cor branca, alta qualidade, 100% puro celulose, picotado e liso (2.560 rolos).
2) Papel higiênico interfolhado, folha dupla, medindo 11 centímetros por 21 metros, 100% celulose, matéria-prima virgem, cor branca, macio, resistente, hidrossolúvel, folhas intercaladas, compatível com porta-papel higiênico marca Ideal.
São dois, portanto, os tipos de papel higiênico usados no Planalto. Admitindo-se que sirvam para a mesma coisa e sabendo-se que, nesse uso, só há um lado (o de fora), bem que o chefe da Casa Civil, comissário José Dirceu, poderia dizer como funciona o processo de seleção petista para decidir quem rola no “extrafino” e quem milita no “interfolhado”.
Felizmente não era verdade. Gaspari admitiu o erro em sua coluna seguinte, no dia 14 de setembro de 2003:
“Foi injusta a insinuação de que o Palácio do Planalto mandou comprar papel higiênico de duas qualidades diferentes. O palácio licitou dois tipos de papel porque são dois os modelos de suporte existentes em seus banheiros. Em alguns casos, usam-se rolos, e em outros, caixinhas com papel interfolhado, aquele que, puxando-se um pedaço, aparece a ponta da folha seguinte. Os dois tipos de papel não são iguais, mas são semelhantes na qualidade.”
Em sua coluna de 29 de fevereiro de 2004 na FSP ele descrevia o pífio resultado da economia do governo Lula se comparado aos governos anteriores (faz tempo), e informava que o governo brasileiro gastava “cerca de R$ 3 bilhões anuais com produtos” da Microsoft. Para quem conhecia o estímulo do governo ao uso de softwares livres, a informação era chocante.
Felizmente também não era verdade. Gaspari admitiu o erro em sua coluna seguinte, no dia 7 de março de 2004:
“O governo federal não compra R$ 3 bilhões por ano de produtos da Microsoft. No ano fiscal de 2003, todos os negócios da empresa no Brasil somaram R$ 925 milhões. Disso, apenas 6% representam vendas para os governos federal, estaduais e municipais.”
Um erro considerável: de 6 bilhões gastos pelo governo Lula a conta baixou para 55 milhões gastos por todos os governos do país, municipais, estaduais e federal.
É possível que muitos dos leitores dos erros factuais publicados em destaque por Elio Gaspari não tenham lido suas correções, bem mais discretas, uma semana depois. Como jornalista, no entanto, ele fez o que tinha que fazer: admitiu o erro, no mesmo espaço.
Em sua coluna de hoje Gaspari comete mais um erro factual, outra vez prejudicial ao governo Lula. Gaspari informa que a ex-secretária Lina Vieira, que afirma ter sido chamada pela Ministra Dilma para uma reunião na Casa Civil, “estimou que o encontro pode ter ocorrido no dia 19 de dezembro passado”. Informa também que desapareceram os dados da agenda da Ministra relativos ao dia 19. Gaspari mais do que insinua que o tal desaparecimento tenha sido intencional:
“Quem quer acreditar nessa versão é obrigado a supor que aconteceu uma enorme coincidência.”
Pois vários blogs e a revista Carta Capital, que chegou as bancas antes da edição de domingo da Folha de São Paulo, informa que o tal encontro que Lina Vieira, a Folha, O Globo e o Estadão dizem ter acontecido no dia 19 de dezembro, não pode ter acontecido no dia 19, Lina estava a caminho do Rio Grande do Norte, Dilma passou o dia em atividades públicas.
Não é o caso de afirmar que Elio Gaspari tenha com a verdade uma “relação agreste”. Acreditemos em coincidências, esperando, para a próxima semana, que ele corrija mais este erro factual que cometeu contra o governo Lula.
“A verdade não é um desejo”, ensina Todorov. Merval Pereira, Mônica Valdvoguel, Clovis Rossi, Fernando Rodrigues, Elio Gaspari, Carlos Monforte, Carlos Alberto Sardemberg e outros jornalistas afirmaram ou insinuaram que Dilma Roussef mentiu ao negar a reunião com Lina Vieira. Vamos ver, no fim desta história, quem mentiu e quem vai ter que pedir desculpas.
*Jorge Furtado é diretor de cinema, roteirista da TV Globo. De formação parcialmente autodidata, cursou medicina, psicologia, jornalismo e artes plásticas, sem concluir nenhum dos cursos. Dirigiu, dentre outros filmes, Ilha das Flores (1989), com os quais recebeu vários prêmios nacionais e internacionais, inclusive no Festival de Berlim; O homem que copiava, que recebeu vários prêmios, inclusive o Grande Prêmio Cinema Brasil, para o melhor filme brasileiro de 2003. Escreveu e dirigiu várias minisséries e dezenas de especiais a TV Globo. Em 2008, o Harvard Film Archive, ligado à Universidade de Harvard, promoveu a mostra "Jorge Furtado's Porto Alegre", com a exibição de 2 longas e 7 curtas.
Fonte: Blog do Nassif
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