quarta-feira, 11 de março de 2009

Teatro na Terra

Enedino, Washington, Edmar, Fran, Francisca, Neuda, Nilo
e Manu, no Centro de Formação. (foto Leila Jinkings)

Teatro na Terra
Cultura Popular no assentamento

Leila Jinkings


Neuda, Fran, Francisca, Manu, Edmar, Enedino e Washington integram o Ponto Cultural Construção e Democratização, localizado no assentamento "Gabriela Monteiro" do MST, na área da Fassincra, próximo à Brazlândia. O objetivo é de promover atividades para o desenvolvimento cultural, com oficinas de Teatro, Capoeira, Artes Plásticas e Música. Criam e encenam peças teatrais e mantém o projeto "Cinema na Terra".
Neuda conta que há seis anos está no MST. Logo começaram a dar os primeiros passos com o Teatro do Oprimido. "Havia uma companheiro que juntava as pessoas para fazer roda de folia, brincar, tocar violão... E iniciou o teatro. Dois companheiros foram fazer uma oficina de Teatro Épico em Brasília e, ao retomar, reuniram um grupo de quatorze pessoas para repassar o que aprenderam. Montamos então a nossa primeira peça: uma fábula chamada Trapuia. A peça foi uma criação coletiva, levou nove meses para ser concretizada e ficou muito engraçada. Havia uma crítica ao autoritarismo de um companheiro de comando"
A fábula Trapuia fez sucesso na apresentação interna ao Assentamento e foi apresentada em outras instâncias.
O grupo conseguiu formalizar um ponto de cultura e, ao apresentar a peça teatral no MinC, Augusto Boal em pessoa foi até o assentamento para montarem um projeto para levar para o Teia 2006, no Pavilhão da Bienal. Com Boal, montaram também uma peça sobre o massacre de Sem Terras no Eldorado de Carajás.
Com a verba do projeto, eles fizeram a adaptação do antigo depósito de máquinas e veneno da fazenda. Inicialmente, construíram paredes, consertaram o telhado, fizeram banheiro e compraram carteiras, para poderem ministrar aulas e oficinas "para o assentamento e para outras brigadas". Em seguida, adquiriram computadores e instrumentos musicais: violões, pandeiro e violão elétrico.
Hoje o grupo já tem sete peças e os demais acampamentos também formaram grupos de teatro.
R - E a burocracia para responder ao edital? Foi muito difícil?
Neuda - Foi, teve muitas coisas para providenciar. Mas como somos uma organização, o setor administrativo foi quem cuidou da papelada. Tem que prestar conta de tudo, também. Dá trabalho.
R - Foi a primeira vez que conseguiram apoio cultural?
Neuda - Nos já tínhamos setor de cultura, mas devido à falta de apoio não andava. Agora a gente não precisa ir ver o teatro fora, por que sabemos que nós podemos fazer Teatro. Fazer a nossa cultura.
Neuda - Ela é formada em cultura (aponta para Manu). Veio da Bahia, participou do MST da Bahia desde 86 e estudou filosofia na UFMG. Manu, canta uma música.
Manu toma o violão e canta uma canção que fala de Reforma Agrária. O grupo canta junto:
Sabemos que o capitalista
diz não ser preciso ter
Reforma agrária
Seu projeto traz miséria
Milhões de sem terra
Jogados na estrada
Com medo de ir pra cidade
Enfrentar favela
Fome e desemprego ...
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