Dominação financeira, o caminho ao caos
Por Ines Castilho em 27/05/2017, no Outras Palavras
A semanas de lançar
novo livro, Ladislau Dowbor sustenta: foi o controle exercido pelos bancos
sobre orçamento público e o das famílias que provocou crise do lulismo e
espiral do golpe
Por Ladislau Dowbor
O modelo brasileiro de desenvolvimento da última década ia bem obrigado. Um
conjunto de programas econômicos e sociais, como a elevação do salário mínimo,
ampliação das aposentadorias, transferências para as famílias mais pobres,
expansão da educação e dos serviços de saúde, amplos investimentos em
infraestruturas e outros programas ampliaram a demanda para as empresas, o que
por sua vez, além de gerar produtos, gerou mais de 10 milhões de empregos
formais, ampliando ainda mais a demanda – levando ao chamado “círculo virtuoso”
de crescimento: dinamizou-se a economia, ao mesmo tempo que se respondia às
necessidades reais da população, priorizando quem mais precisa. E como uma
economia mais dinâmica gera mais recursos públicos, foi possível equilibrar o
financiamento do conjunto, inclusive as políticas sociais e redistributivas.A Guerra da Coreia - Pablo Picaço, 1951 |
Não só travaram o círculo virtuoso, como geraram uma enorme campanha de convencimento da população de que a culpa do travamento foi justamente a orientação redistributiva, a demagogia de um estado querendo ser bonzinho com os pobres, e portanto essencialmente “populista” e “irresponsável”. O boicote organizado contra toda iniciativa do Estado, o ataque contra as políticas desenvolvimentistas em todos os espaços, na mídia, no Judiciário e em particular no Legislativo geraram a crise. Assim conseguiram desarticular os processos democráticos, travar a economia, e ao mesmo tempo atribuir a culpa aos que tinham promovido a política redistributiva. Mas em nome da nação, naturalmente, em nome da luta contra a corrupção — pois desde sempre a bandidagem política se exerce em nome de elevados ideais éticos.