segunda-feira, 27 de junho de 2016

As pegadas da Máfia policial jurídico mediática



A Máfia e suas pegadas
Não é de hoje que são deixadas pegadas de crimes estranhos, com requintes dignos de máfia e silencio cúmplice da sociedade.
Algumas postagens atrás já mencionamos vários escândalos acobertados criminosamente pela mídia e pelo aparato judiciário e policial. São esses crimes que desembocam em suicídios ou assassinatos estranhos. Te convidamos a um recorrido:

ESQUEMA BILIONÁRIO DE CORRUPÇÃO PSDB E PSB EM PERNAMBUCO

ESCÂNDALOS ESCAMOTEADOS PELA MÍDIA E MÁFIA

MORTES SUSPEITAS:

1-       Policial Luiz Arcanjo
http://leilajinkings.blogspot.com.br/2016/03/escarnio.html
https://www.youtube.com/watch?v=PhhQ3kEnp2I
http://www.viomundo.com.br/denuncias/policial-que-denunciou-aecio-e-encontrado-morto-a-versao-oficial-e-de-suicidio-mas-nao-se-descarta-retaliacao.html
2-       Modelo Cristiane
http://www.portalnovosrumos.com.br/not/2013/mar/not49.html  :  “A organização criminosa não tem limites, chegando mesmo a ameaçar um Juiz Federal e o advogado Dino Miraglia, que já apresentou diversas denúncias, tendo em vista ameaças recebidas de Nabak juntamente com Mauricio Brandão Ellis, perito aposentado e, segundo denúncias, braço do crime organizado dentro do Departamento de Criminalística que ainda conta com a esposa de Nabak nos seus quadros.
Ellis também é co-réu no INQ 3530 perante o STF, juntamente com Azeredo, Clesio, Walfrido e outros. O Juiz Federal foi ameaçado pelo advogado que é sócio do filho de Azeredo, incluído na Lista de Marcos Valério, juntamente com seu pai, lista essa comprovada por Claudio Mourão e Denise Landim, amantes e parceiros em inúmeros atos ilícitos, cujo original encontra-se com Joaquim Barbosa.
A maior suspeita paira sobre o fato de que tudo isto só passou a ocorrer após descoberto e provado a relação do crime da modelo Cristiane Aparecida Ferreira com o esquema do mensalão do PSDB, onde ela tinha a função de transportar e entregar quantias milionárias a diversas autoridades envolvidas no esquema, dentre eles o Ministro Gilmar Mendes. “
“Overdoses de Aécio” e a “morte de modelo” geram retaliação https://limpinhoecheiroso.com/2013/11/21/overdoses-de-aecio-e-a-morte-de-modelo-geram-retaliacao/  https://www.youtube.com/watch?v=x8GgbxDO_fU
3-       Radialista mosquito http://altamiroborges.blogspot.com/2011/12/blogueiro-e-encontrado-morto-em-sc.html
O blogueiro Hamilton Alexandre, o Mosquito, foi encontrado morto em seu apartamento, em Palhoça, Santa Catarina, na tarde de ontem (13). Segundo a polícia, tratou-se de “suicídio por enforcamento”. A rápida conclusão, porém, não convenceu seus amigos e familiares, que exigem rigorosa apuração do caso.
Brasil: Assassinato ou Suicídio de Polêmico Blogueiro de Santa Catarina?  https://pt.globalvoices.org/2011/12/21/brasil-assassinato-suicidio-blogueiro-polemico-mosquito/
https://noticias.terra.com.br/brasil/cidades/sc-com-30-acoes-na-justica-blogueiro-polemico-e-achado-morto,01ec55e5c56fa310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html
http://pensadoranonimo.com.br/polemico-blogueiro-mosquito-e-tema-de-documentario/
4-       Assessor de Yeda Crucis
Mistérios na morte de ex-assessor de Yeda Crusius
Superintendente da PF no Rio Grande do Sul chega a Brasília para acompanhar o caso de Marcelo Oliveira, encontrado morto no Lago Paranoá. Suspeita de envolvimento do caixa 2 virou briga política entre a governadora e a oposição.http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/misterios-na-morte-de-ex-assessor-de-yeda-crusius/
Ex-assessor tucano cogitava ingressar no Programa de Proteção a Testemunhas
PORTO ALEGRE - Uma fonte da Polícia Federal e uma da Secretaria de Direitos Humanos revelaram ao blog Diários de Brasília que Marcelo Cavalcante manifestou interesse em ingressar no Programa de Proteção a Testemunhas do Ministério da Justiça. Segundo o jornalista Fábio Schaffner, o ex-assessor do governo Yeda Crusius, encontrado morto no Lago Paranoá, em Brasília, não chegou a formalizar o pedido, mas pediu informações sobre os procedimentos necessários para o ingresso no programa.
http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Ex-assessor-tucano-cogitava-ingressar-no-Programa-de-Protecao-a-Testemunhas/4/14901
5-       Empresário Morato, o testa de ferro da campanha de Eduardo Campos
Sinpol questiona investigação da morte de Morato e buscará MPPE
Empresário investigado pela PF foi encontrado morto em motel.
Peritos teriam sido impedidos de realizar coleta de digitais no quarto. http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2016/06/sinpol-questiona-investigacao-da-morte-de-morato-e-buscara-mppe.html
Exclusivo: Paulo Cesar Morato levava vida simples em Tamandaré até um ano atrás
Local em que Morato morava aumenta hipótese de que empresário seria "testa de ferro" http://www.folhape.com.br/politica/2016/6/exclusivo-paulo-cesar-morato-levava-vida-simples-em-tamandare-ate-um-ano-atras-0420.html
Deputado pede federalização da investigação da morte de empresário em Olinda
O parlamentar usa como argumento para a federalização o fato de a perícia, que seria feita no quarto do motel na manhã seguinte à descoberta do corpo, ter sido cancelada http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/politica/pernambuco/noticia/2016/06/27/deputado-pede-federalizacao-da-investigacao-da-morte-de-empresario-em-olinda-241846.php
6-       Paulo César Farias, o PC, um exemplo famoso.
Morte de PC Farias, tesoureiro de Collor, cria mistério sobre negociatas do governo
Empresário e a namorada foram mortos a tiros em 23 de junho de 1996, antes de depor à Justiça. Caixa-forte do ex-presidente teria ajudado a desviar US$ 1 bi de cofres públicos
Mistério. O ex-tesoureiro de Collor, PC Farias, e a namorada Suzana Marcolino: mortos antes de empresário depor à Justiça 06/1996
Leia mais sobre esse assunto em http://acervo.oglobo.globo.com/em-destaque/morte-de-pc-farias-tesoureiro-de-collor-cria-misterio-sobre-negociatas-do-governo-2-8986034#ixzz4CoDGYHNl

atualizado dia 27 às 23h30 : Exclusivo: Documento comprova que SDS mentiu sobre pedido de perícia em quarto de motel
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NOTA DA SIMPOL - PE:

PELO FIM DAS INTROMISSÕES POLÍTICAS NA POLÍCIA QUE INVESTIGA OS CRIMES
Não bastassem as graves, mas não surpreendentes, revelações de um suposto esquema de desvio de verbas públicas para financiar campanhas do Partido Socialista Brasileiro (PSB), em especial as do ex-governador Eduardo Campos, a Diretoria do SINPOL tomou conhecimento, nesta quinta-feira (23), que Peritos Papiloscopistas – os Policiais Civis responsáveis por realizar perícias em locais de crime para, dentre outras atribuições, detectar e identificar a presença de indivíduos suspeitos no local por meio das impressões digitais – foram impedidos de realizar perícia no quarto do motel Tititi, onde foi encontrado o corpo do empresário Paulo César de Barros Morato.
Segundo informações repassadas ao SINPOL, a ordem para barrar a realização da perícia papiloscópica teria partido do Secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, e da Gestora da “Polícia Científica”, Sandra Santos. O empresário encontrado morto estava foragido, arrolado a Operação Turbulência, da Polícia Federal (PF), que justamente investiga desvios de mais 600 milhões de reais operados pelo PSB e empresários, segundo a PF. Diante dos fatos, uma pergunta ecoa firmemente: a quem interessa uma frágil investigação desse crime?
Causaria-nos profunda estranheza o impedimento da perícia técnica na cena de qualquer crime. Mas inegavelmente esse caso envolve elementos pouco comuns e de amplo impacto na sociedade. No momento em que observamos a devassa na endêmica corrupção que corrói as estruturas da política e do Estado brasileiro, não podemos deixar que esses possíveis desvios de dinheiro público, que deveriam estar sendo empregados na saúde, na educação e na segurança dos pernambucanos, deixem de ser devidamente apurados. São muitas questões graves que envolvem o episódio, sobretudo por se tratar de uma testemunha que aparece misteriosamente morta, pouco depois de ter sua prisão preventiva decretada.
Os Peritos Papiloscopistas pernambucanos já foram fundamentais para desvendar vários casos de repercussão no estado, como o do médico Arthur de Azevedo, por exemplo. Tal ingerência, supostamente perpetrada pelo Secretário de Defesa Social e pela Gestora da Polícia Científica, que estão sob o comando do Governador Paulo Câmara, é inadmissível em um estado democrático de direito e deve ser combatida com o total rigor, tanto contra os emissários quanto aos mandatários desse verdadeiro crime contra a democracia e a justiça.
É por isso que o SINPOL luta pela profissionalização e independência administrativa e financeira da Polícia Civil. Para que possamos investigar a tudo e a todos, sem qualquer tipo de intromissão política. Não sendo suficiente o sucateamento da Polícia Civil de Pernambuco, consentido e operado pelo Governo do PSB, entramos explicitamente em uma fase perigosa da conjuntura. Beiramos o fascismo, ou qualquer outro regime ditatorial, quando o Estado se “auto sabota” para atender interesses políticos e particulares, favorecendo a corrupção e a ocultação de graves crimes.
A DIRETORIA

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sábado, 25 de junho de 2016

AS MARCAS DA TORTURA SOU EU, conclui Dilma Rousseff



Dilma Rousseff revela detalhes do sofrimento vivido nos porões da ditadura

junho 17, 2012 do Blog do Esmael
"Me deram um soco e o dente deslocou-se e apodreceu", conta Dilma Rousseff.


“AS MARCAS DA TORTURA SOU EU”
de Sandra Kiefer, via Correio Braziliense

A presidente Dilma Vana Rousseff foi torturada nos porões da ditadura em Juiz de Fora, Zona da Mata mineira, e não apenas em São Paulo e no Rio de Janeiro, como se pensava até agora. Em Minas, ela foi colocada no pau de arara, apanhou de palmatória, levou choques e socos que causaram problemas graves na sua arcada dentária. à‰ o que revelam documentos obtidos com exclusividade pelo Estado de Minas , que até então mofavam na última sala do Conselho dos Direitos Humanos de Minas Gerais (Conedh-MG). As instalações do conselho ocupam o quinto andar do Edifício Maletta, no Centro de Belo Horizonte. Um tanto decadente, sujeito a incêndios e infiltrações, o velho Maletta foi reduto da militância estudantil nas décadas de 1960 e 70.
Perdido entre caixas-arquivo de papelão, empilhadas até o teto, repousa o depoimento pessoal de Dilma, o único que mereceu uma cópia xerox entre os mais de 700 processos de presos políticos mineiros analisados pelo Conedh-MG. Pela primeira vez na história, vem à  tona o testemunho de Dilma relatando todo o sofrimento vivido em Minas na pele da militante política de codinomes Estela, Stela, Vanda, Luíza, Mariza e também Ana (menos conhecido, que ressurge neste processo mineiro). Ela contava então com 22 anos e militava no setor estudantil do Comando de Libertação Nacional (Colina), que mais tarde se fundiria com a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), dando origem à  VAR-Palmares.
As terríveis sessões de tortura enfrentadas pela então jovem estudante subversiva já foram ditas e repisadas ao longo dos últimos anos, mas os relatos sempre se referiam ao eixo Rio-São Paulo, envolvendo a Operação Bandeirantes, a temida Oban de São Paulo, e a cargeragem na capital fluminense. Já o episódio da tortura sofrida por Dilma em Minas, onde, segundo ela própria, exerceu 90% de sua militância durante a ditadura, tinha ficado no esquecimento. Até agora.
Com a palavra, a presidente: Algumas características da tortura. No início, não tinha rotina. Não se distinguia se era dia ou noite. Geralmente, o básico era o choque!. Ela continua: (…) se o interrogatório é de longa duração, com interrogador experiente, ele te bota no pau de arara alguns momentos e depois leva para o choque, uma dor que não deixa rastro, só te mina. Muitas vezes usava palmatória; usaram em mim muita palmatória. Em São Paulo, usaram pouco este “método”!.
Bilhetes
Dilma foi transferida em janeiro de 1972 para Juiz de Fora, ficando presa possivelmente no quartel da Polícia do Exército, a 4!ª Companhia da PE. Nesse ponto do depoimento, falham as memórias do cárcere de Dilma e ela crava apenas não ter sido levada ao Departamento de Ordem e Política Social (Dops) de BH. Como já era presa antiga, a militante deveria ter ido a Juiz de Fora somente para ser ouvida pela auditoria da 4!ª Circunscrição Judiciária Militar (CJM). Dilma pensou que, como havia ocorrido das outras vezes, estava vindo de São Paulo a Minas para a nova fase do julgamento no processo mineiro. Chegando a Juiz de Fora, porém, ela afirma ter sido novamente torturada e submetida a péssimas condições carcerárias, possivelmente por dois meses.
Nesse período, foi mantida na clandestinidade e jogada em uma cela, onde permaneceu na maior parte do tempo sozinha e em outra na companhia de uma única presa, Terezinha, de identidade desconhecida. Dilma voltou a apanhar dos agentes da repressão em Minas porque havia a suspeita de que Estela teria organizado, no fim de 1969, um plano para dar fuga a à‚ngelo Pezzuti, ex-companheiro da organização Colina, que havia sido preso na ex-Colônia Magalhães Pinto, hoje Penitenciária de Neves. Os militares haviam conseguido interceptar bilhetinhos trocados entre Estela (Stela nos bilhetes, codinome de Dilma) e Cabral (à‚ngelo), contendo inclusive o croqui do mapa do presídio, desenhado à  mão.
Seja por discrição ou por precaução, Dilma sempre evitou falar sobre a tortura. Não consta o depoimento dela nos arquivos do grupo Tortura Nunca Mais, nem no livro Mulheres que foram à  luta armada, de Luiz Maklouf, de 1998. Só mais tarde, em 2003, ele conseguiria que Dilma contasse detalhes sobre a tortura que sofrera nas prisões do Rio e de São Paulo. Em 2005, trechos da entrevista foram publicados. Naquela época, a então ministra acabava de ser indicada para ocupar a Casa Civil.
O relato pessoal de Dilma, que agora se torna público, é anterior a isso. Data de 25 de outubro de 2001, quando ela ainda era secretária das Minas e Energia no Rio Grande do Sul, filiada ao PDT e nem sonhava em ocupar a cadeira da Presidência da República. Diante do jovem filósofo Robson Sávio, que atuava na coordenação da Comissão Estadual de Indenização à s Vítimas de Tortura (Ceivt) do Conedh-MG, sem remuneração, Dilma revelou pormenores das sessões de humilhação sofridas em Minas. O estresse é feroz, inimaginável. Descobri, pela primeira vez, que estava sozinha. Encarei a morte e a solidão. Lembro-me do medo quando minha pele tremeu. Tem um lado que marca a gente pelo resto da vida!, disse.
Humilde
Apesar de ser ainda apenas a secretária das Minas e Energia, a postura de Dilma impressionou Robson: A secretária tinha fama de durona. Ela já chegou ao corredor com um jeito impositivo, firme, muito decidida. à€ medida que foi contando os fatos no seu depoimento, ela foi se emocionando. Nós interrompemos o depoimento e ela deixou a sala com uma postura diferente em relação ao momento em que entrou. Saiu cabisbaixa!, conta ele, que teve três dias de prazo para colher sete depoimentos na capital gaúcha. Na avaliação de Robson, Dilma teve uma postura humilde para a época ao concordar em prestar depoimento perante a comissão. Com ou sem o depoimento dela, a comissão iria aprovar a indenização de qualquer jeito, porque já tinha provas suficientes. Mas a gente insistia em colher os testemunhos, pois tinha a noção de estar fazendo algo histórico!, afirma o filósofo.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Nise da Silveira - pioneira brasileira para iluminar tempos obscuros

Nise da Silveira: uma pioneira brasileira para iluminar tempos obscuros
Poucas vezes um filme nos ajuda a resgatar algum personagem tão necessário à conjuntura. Nos tempos sombrios em que vivemos, “Nise - O coração da loucura” (do diretor Roberto Berliner, lançado nacionalmente em abril) destaca a figura de uma das primeiras médicas brasileiras, Nise da Silveira.
Por Rosana Onocko-Campos
 
O filme recorta uma parte relevante de sua biografia, mas não a esgota. Nise foi pioneira ao se formar médica na Universidade Federal da Bahia, na qual ingressou como única mulher entre 157 homens, com apenas 16 anos de idade. Se formou em 1926, com uma tese sobre a criminalidade da mulher no Brasil. Em 1932, como médica residente, foi morar no Hospício Nacional de Alienados, na Praia Vermelha. Em 1936, foi presa sob acusação de ter leituras comunistas em seu quarto do hospital. Ficou presa pouco mais de um ano e, na prisão, fez amizade com Graciliano Ramos.
Ficou afastada e viveu quase em clandestinidade até 1944, quando foi readmitida no Engenho do Dentro. Foi lá que ela foi apresentada aos “novos” métodos de tratamento: lobotomia, coma insulínico e electroconvulsoterapia. Nise se negou a praticá-los e iniciou em um pequeno quarto a terapia ocupacional. Nise da Silveira foi pioneira no tratamento de pacientes asilados com graves transtornos mentais por meio da arte em suas variadas formas. Fez isso no Rio de Janeiro, no início do século 20, antes dos movimentos antimanicomiais internacionais — por exemplo, de Laing e Basaglia. 
Nise buscou seus primeiros pacientes entre aqueles considerados intratáveis pelo sistema asilar e os pôs no centro de suas preocupações. Tinha uma atenção e um respeito imenso por cada uma daquelas vidas. Utilizou seus contatos pessoais com o mundo da crítica artística para tirar do silenciamento esses novos pintores e escultores. Levou suas pinturas ao outro lado do Atlântico, conseguiu interessar o próprio Jung em suas pesquisas sobre as relações entre arte e inconsciente. Os auxiliares eram pessoas com instrução fundamental e Nise se encarregou de sua formação.
Em 1952, criou o Museu de Imagens do Inconsciente, para transformar em um centro de estudo e pesquisa o trabalho de artes que já a motivavam intensamente. A colaboração com artistas foi fundamental para todo o desenvolvimento posterior1. Atuava em várias frentes: no Museu de Imagens do Inconsciente; na Casa das Palmeiras (espécie de prenúncio dos Centros de Atenção Psicossocial) e no grupo de estudos de Jung que fundou. 
Faltou à Nise interpretada no filme por Gloria Pires a fragilidade comovente da Nise verdadeira, que vemos só no trecho de documentário final e que ressalta ainda mais sua força, sua fibra e seu brilhante humor. Os que a conheceram dizem que era uma pessoa que causava vivo impacto. Sabia ser acolhedora e hospitaleira, vivia rodeada de gatos. E acreditava que estes adivinhavam a personalidade das pessoas — detestava pessoas avessas aos animais. Viveu muito modestamente e sempre se definiu como uma servidora pública. 
Enfrentou um contexto duro, impiedoso. Enfrentou a dureza da cientificidade machista que desprezava seus achados e que continuava a prescrever ETC e lobotomias. Perdeu alguns pacientes queridos. Perdeu algumas batalhas. Mas nunca desistiu. Morreu em 30 de outubro de 1999. Rebelde, do jeito que era. É esse aspecto da Nise que gostaria de destacar como figura exemplar e luminosa nestes tempos sombrios, para servir de exemplo e motor aos jovens interessados na Saúde Mental. 
1. Dados extraídos da apresentação do livro Nise da Silveira: caminhos de uma psiquiatra rebelde, de Luiz Carlos Mello. 

Rosana Onocko-Campos é Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas e supervisora dos Programas de Aprimoramento em Saúde Mental e em Planejamento e administração de serviços de saúde
http://www6.ensp.fiocruz.br/radis/revista-radis/165/pos_tudo/nise-uma-pioneira-brasileira-para-iluminar-tempos-obscuros

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