sexta-feira, 24 de março de 2017

Sete verdades sobre o conflito na Síria segundo Fuser


Importante artigo de Fuser, na tentativa de desmistificar a questão da Syria. Muitos progressistas compram as informações deformadas que chegam por meio da mídia. "A isso se soma a postura delirante de certos grupos de ultraesquerda que tomam partido, naquele conflito, exatamente do mesmo lado que os Estados Unidos, a Otan e os terroristas psicopatas do Estado Islâmico". 

Sete verdades sobre o conflito na Síria

Por Igor Fuser, no Jornal Brasil de fato
    É importante desconstruir a fraude maniqueísta que reduz um conflito complexo entre os “rebeldes” do bem e os carniceiros do mau. 
Com a melhor das intenções e a maior inocência, muitos brasileiros com posições progressistas têm se deixado levar pelas informações deformadas sobre a situação na Síria que nos chegam por meio da mídia pró-imperialista. A isso se soma a postura delirante de certos grupos de ultraesquerda que tomam partido, naquele conflito, exatamente do mesmo lado que os Estados Unidos, a Otan e os terroristas psicopatas do Estado Islâmico, espalhando pelas redes sociais, de forma acrítica, as versões dos propagandistas do Império. Uma polêmica se instala em setores da esquerda brasileira a partir de uma falsa questão: apoiar ou não o regime de Bashir Assad.

Em relação a isso é importante, antes de qualquer coisa, desconstruir a fraude maniqueísta veiculada pela mídia, que reduz um conflito extremamente complexo a um jogo de videogame onde se situam, de um lado, os “rebeldes” do bem, acompanhados dos civis indefesos que os apoiam, e do outro, os carniceiros do governo sírio, com seus russos desalmados.

Resumidamente, alguns pontos devem ficar claros, para que se entenda corretamente o que está acontecendo na Síria.

1. Não existe uma “revolução síria”. Se, no início, em 2011, havia forças políticas sinceramente interessadas em democratizar o país, elas há muito tempo desapareceram de cena, engolidas pelo que é na realidade uma rebelião étnico-religiosa, conservadora, de caráter islâmico fundamentalista.

2. Os EUA e seus aliados árabes (principalmente o Catar e a Arábia Saudita) são os grandes culpados, por terem armado, financiado e treinado os combatentes fundamentalistas, usados como bucha de canhão no plano de Washington (formulado alguns anos antes) de se livrar de Assad, último remanescente da velha onda de governantes árabes nacionalistas, tais como Kadafi na Líbia e Saddam Hussein no Iraque.

3. O regime de Assad é de fato uma ditadura (numa região onde é preciso procurar com uma lupa para encontrar, aqui e ali, algum fiapo de democracia), mas é um regime laico, tolerante em relação à diversidade étnico-religiosa do país, defensor dos direitos da mulher, e independente do ponto de vista geopolítico. Sua sobrevivência, no atual contexto, é a única garantia de manutenção da integridade política e territorial da Síria diante da estratégia imperialista de implodir e fracionar, sempre que possível, os Estados nacionais com potencial de se contrapor à hegemonia estadunidense, em qualquer região do mundo. É o que já fizeram na Iugoslávia, no Iraque, na Líbia.

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