segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Extremismo. Que extremismo?

Como outros gigantes da Economia de Dados, o Facebook deslocaliza a filtragem de dados para um exército de moderadores em empresas localizadas do Oriente Médio ao Sul da Ásia. Isso foi confirmado por Monika Bickert, do Facebook.
Esses moderadores têm um papel no controle daquilo que deve ser eliminado da rede social, a partir de sinalizações dos usuários. Mas a informação é então comparada a um algoritmo, que tem a decisão final.

A silenciosa ditadura do algoritmo
Por Pepe Escobar | Tradução: Inês Castilho | no site Outras Palavras

Em sociedades digitalizadas, decisões cruciais sobre a vida são tomadas por máquinas e códigos. Por que isso multiplica a desigualdade e ameaça o direito à informação e a democracia 

Vivemos todos na Era do Algoritmo. Aqui está uma história que não apenas resume a era, mas mostra como a obsessão pelo algoritmo pode dar terrivelmente errado.
Tudo começou no início de setembro, quando o Facebook censurou a foto ícone de Kim Phuch, a “menina do napalm”, símbolo reconhecido em todo o mundo da Guerra do Vietnã. A foto figurava em post no Facebook do escritor norueguês Tom Egeland, que pretendia iniciar um debate sobre “sete fotos que mudaram a história da guerra”.
Não só o seu post foi apagado, como Egeland foi suspenso do Facebook. O Aftenposten, principal jornal diário da Noruega, propriedade do grupo de mídia escandinavo Schibsted, transmitiu devidamente a notícia, lado a lado com a foto. O Facebook pediu então que o jornal apagasse a foto – ou a tornasse irreconhecível em sua edição online. Antes mesmo de o jornal responder, artigo e foto já haviam sido censurados na página do Aftenposten do Facebook.
A primeira ministra norueguesa, Erna Solberg, protestou contra tudo isso em sua página do Facebook. Também foi censurada. O Aftenposten então sapecou a história inteira em sua primeira página, ao lado de carta aberta a Mark Zuckerberg, assinada pelo diretor do jornal, Espen Egil Hansen, acusando o Facebook de abuso do poder.
Passaram-se 24 longas horas até que o colosso de Palo Alto recuasse e “desbloqueasse” a publicação.
Uma opinião embrulhada em código
O Facebook empenhou-se ao máximo para controlar os danos depois do episódio. Isso não alterou o fato de que o inbroglio “menina da napalm” é um clássico drama do algoritmo, como ocorre na aplicação de inteligência artificial para avaliar conteúdo.
Como outros gigantes da Economia de Dados, o Facebook deslocaliza a filtragem de dados para um exército de moderadores em empresas localizadas do Oriente Médio ao Sul da Ásia. Isso foi confirmado por Monika Bickert, do Facebook.
Esses moderadores têm um papel no controle daquilo que deve ser eliminado da rede social, a partir de sinalizações dos usuários. Mas a informação é então comparada a um algoritmo, que tem a decisão final.
Não é necessário ter PhD para perceber que esses moderadores não têm, necessariamente, vasta competência cultural, ou capacidade de analisar contextos. Isso para não mencionar que os algoritmos são incapazes de “entender” contexto cultural e certamente não são programados para interpretar ironia, sarcasmo ou metáforas culturais.
Os algoritmos são literais. Em poucas palavras, são uma opinião embrulhada em código. E no entanto, estejamos atingindo um estágio em que a máquina decide o que é notícia. O Facebook, por exemplo, conta agora apenas com o algoritmo para definir quais hstórias coloca em destaque.
Pode haver um lado positivo nessa tendência – como o Facebook, o Google e o YouTube usarem sistemas para bloquear rapidamente vídeos do ISIS e propaganda jihadista semelhante. Logo estará em operação eGLYPH – um sistema que censura vídeos violam supostos direitos autorais por meio  “hashing”, ou codificação para busca rápida. Uma única marca será atribuída a vídeos e áudios considerados “extremistas”, possibilitando assim sua remoção automática em qualquer nova versão e bloqueando novos uploads.
E isso nos traz para um território ainda mais turvo; o próprio conceito de “extremista”. E os efeitos, sobre todos nós, de sistemas de censura baseados em lógica algorítmica.
Como as Armas de Destruição Matemática controlam nossa vida
É neste cenário que um livro como Armas de Destruição em Math [ou “Armas de Destruição Matemática”] de Cathy O’Neil (Crown Publishing), torna-se tão essencial quanto o ar que respiramos.
Leia na íntegra aqui:  http://outraspalavras.net/posts/a-silenciosa-ditadura-do-algoritmo/

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Só existe uma maneira de conter a violência do Rio - cinco tópicos



I
"Demissão de secretário de Segurança é o começo do fim das UPPs", diz delegado
Delegado Orlando Zaccone fala sobre as consequências da demissão do Secretário de Segurança José Mariano Beltrame
Por Fania Rodrigues, Brasil de Fato

Só existe uma maneira de conter a violência do Rio que é promover o debate sobre a legalização das drogas. E a legalização tem que vir junto com investimento em educação e outras políticas públicas. O uso dessas substâncias alcançou um estágio irreversível e precisamos falar sobre isso. O fato é que, infelizmente, nenhum problema será resolvido com o congelamento dos investimentos em saúde e educação, como o governo de Michel Temer (PMDB) está fazendo nesse momento com a proposta da PEC 241 que congela gastos públicos nos próximos 20 anos.

Em meio a uma das piores crises de violência dos últimos anos, o secretário estadual de Segurança do Rio de Janeiro José Mariano Beltrame pediu demissão nesta terça-feira (11), depois de uma década à frente da pasta. Beltrame foi responsável pela implantação do projeto de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nas principais favelas da cidade do Rio.

Para falar sobre as consequências da demissão, o Brasil de Fato entrevistou o delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Orlando Zaccone, doutor em Ciência Política pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

O secretário de Segurança pediu a exoneração do cargo logo após intensos tiroteios em favelas na região de Copacabana, zona sul do Rio, durante operação na comunidade do Pavão-Pavãozinho, na segunda-feira (10). Três pessoas morreram, oito foram presas.
Leia mais aqui:
Autora: Fania Rodrigues
Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ), 11 de Outubro de 2016 às 19:18

II
Nos EUA, legalização da maconha vai a votação em noveEstados
por Débora Melo — publicado 04/11/2016

Eleitores norte-americanos responderão sobre uso recreativo e medicinal na cédula de votação; pesquisa aponta 60% de apoio à liberação da erva
Na terça-feira 8, quando os norte-americanos irão às urnas escolher o sucessor de Barack Obama na Presidência e novos representantes no Congresso, eleitores de nove Estados decidirão, ainda, se o consumo de maconha deve ou não ser legalizado.

Arizona, Califórnia, Maine, Massachussets e Nevada votarão a legalização da erva para uso recreativo por adultos, algo que já é realidade no Distrito de Columbia e nos Estados do Colorado, Alasca, Oregon e Washington. Em Arkansas, Dakota do Norte, Flórida e Montana, por sua vez, o que está em jogo é a liberação do uso medicinal da cannabis, já permitido em 25 dos 50 Estados dos EUA.  LEIA MAIS AQUI

III

"A guerra às drogas é um mecanismo de manutenção da hierarquia racial"
por Débora Melo — publicado 27/07/2016

Em visita ao Brasil, ativista norte-americana formada em Harvard diz que a política proibicionista teve sucesso ao criminalizar negros e pobres
A guerra às drogas é uma ferramenta da qual a sociedade contemporânea depende para manter negros e pobres oprimidos e marginalizados. Esta é a opinião da ativista do movimento negro norte-americano Deborah Small, formada em Direito e Políticas Públicas pela Universidade de Harvard.

Em viagem pelo Brasil para uma série de palestras sobre política de drogas, racismo e encarceramento, Small desembarca nesta quarta-feira 27 em São Paulo, depois de passar por Rio de Janeiro, Salvador e Cachoeira, no Recôncavo Baiano.

Em entrevista a CartaCapital, a ativista fez um paralelo entre as polícias do Brasil e dos EUA – onde tem crescido a tensão com a comunidade negra – e defendeu que o Brasil assuma uma posição de liderança no debate regional. “A única coisa capaz de ajudar a América do Sul é dar um fim à política proibicionista”, disse a ativista.

Deborah Small já foi diretora de assuntos legais da New York Civil Liberties Union, pela qual se dedicou à defesa dos direitos dos presos. Depois ocupou o cargo de diretora de políticas públicas e articulação comunitária da Drug Policy Alliance e há cerca de dez anos criou a organização Break the Chains, cujo objetivo é conscientizar a comunidade negra norte-americana sobre os efeitos perversos da guerra às drogas. Confira a entrevista: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-guerra-as-drogas-e-um-mecanismo-de-manutencao-da-hierarquia-racial

IV

Maconha, um mercado de quase R$ 6 bilhões

por Tory Oliveira — publicado 22/06/2016
Comércio formal da droga movimentaria R$ 5,69 bi por ano no Brasil, segundo estudo de consultores da Câmara dos Deputados

Qual seria o impacto na economia brasileira caso a maconha fosse legalizada? Elaborado por um grupo de técnicos da Câmara dos Deputados, a pedido do parlamentar Jean Wyllys (PSOL-RJ), o estudo Impacto Econômico da Legalização da Cannabis no Brasil procurou responder a essa pergunta. O fim da proibição movimentaria um mercado de R$ 5,69 bilhões por ano.

O objetivo do estudo era trazer o aspecto econômico para o debate sobre a legalização, em geral centrado nas liberdades individuais e no fracasso da chamada política de "Guerra às Drogas". Com 40 páginas, o levantamento é de autoria dos consultores legislativos Adriano da Nóbrega Silva, Pedro Garrido da Costa e Luciana da Silva Teixeira.

Dispensário no Colorado é sustentado com os impostos da cannabis
Para chegar ao número de R$ 5,69 bilhões, os pesquisadores consideraram a existência de um público consumidor recreativo de Cannabis estimado em 2,7 milhões de brasileiros e estabeleceram um limite de compra de 40 gramas da substância por mês – 480 por ano. A restrição é a mesma aplicada no mercado regulado do Uruguai, primeiro país a oficializar a produção e o consumo da maconha para uso recreativo.

Com a mesma carga tributária aplicada hoje ao tabaco e o preço da grama fixado em R$ 4,20 (US$ 1,20), cada usuário gastaria R$ 2.073 anualmente com o produto, movimentando, no total, R$ 5,69 bilhões.
LEIA AQUI: http://www.cartacapital.com.br/economia/maconha-um-mercado-de-quase-6-bilhoes
 
V



"A guerra às drogas é uma decisão política", diz policial afastado do Denarc
Diego Souza Ferreira foi removido de seu posto depois de se notabilizar como um crítico da proibição
por Renan Truffi — publicado 08/08/2015

Quando ingressou na Policia Civil, Diego Souza Ferreira compactuava com um dos principais chavões que justificam a guerra às drogas no Brasil. Assim como vários de seus colegas, pensava que o tráfico era culpa dos usuários de maconha e cocaína. A sua visão começou a mudar quando estava trabalhando no Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico do Rio Grande do Sul (Denarc-RS), que investiga o tráfico de drogas no estado.

Com cargo no setor de inteligência, o policial passou a estudar o assunto na pós-graduação e começou a comparar o resultado das pesquisas com seu trabalho. "Fazíamos uma operação e pegávamos meia tonelada de maconha. Era uma baita operação. Mas aí descobri que, só no Rio Grande do Sul, nós tínhamos por estimativa um consumo de 114 toneladas de maconha", conta.

A repercussão da pesquisa acadêmica fez com que Ferreira fosse convidado para ser porta-voz da Law Enforcement  Against  Prohibition (Leap) no Brasil, uma organização internacional que reúne juízes, policiais e agentes da lei a favor da legalização de todas as drogas. Neste ano, pouco tempo depois de voltar de férias, Ferreira sofreu no Denarc o que diz serem represálias por conta de suas posições. Ele foi removido de seu posto, sem ser consultado. “Vieram algumas informações de superiores, veladamente, de que o que eu estava fazendo era incompatível com a função”, afirma.

Em entrevista a CartaCapital, o policial lamenta a punição e a força da tese da guerra às drogas no País. "Eu não sou a favor das drogas, sou a favor de uma nova política de drogas", diz.

Leia a entrevista: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-guerra-as-drogas-e-uma-decisao-politica-diz-policial-afastado-do-denarc-3640.html

  

BRASIL NUNCA MAIS

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