sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Making Off de Batismo de Sangue, sobre Frei Tito

Emocionante ver o filme. Mas ver como foi construído é um privilégio. Batismo de Sangue, filme de Helvécio Ratton, baseado em livro de Frei Betto, premiado com o Jabuti.
O filme BATISMO DE SANGUE, de Helvécio Ratton é baseado em fatos reais. O filme conta a história de frades dominicanos, que movidos por ideais cristãos, se envolvem na luta clandestina contra a ditadura militar, no final dos anos 60. São presos e torturados. Um deles, Frei Tito, é mandado para o exílio na França, onde, atormentado pelas imagens de seus carrascos, comete suicídio.
Com Caio Blat, Daniel de Oliveira, Ângelo Antonio, Cassio Gabus Mendes e grande elenco.
É importante que os verdadeiros cristãos tenham clareza de que o vaticano jamais representou os verdadeiros sentimentos que movem a fé. A arbitrariedade, a pedofilia, os crimes, a infâmia são velhos habitantes daquele palácio suntuoso. Os padres que ousaram questionar foram isolados ou silenciados. Os papas, os cardeais, os bispos, na sua grande maioria ou salvo honrosas exceções, estavam conspirando contra os governos democráticos. Assistam "Eva Peron" de Dusanzo; assistam "Amém", de Costa Gravas; "Batismo de Sangue", de Ratton; Código da Vinci de Dan Brown; "A Revolução não será televisionada" da TV Irlandesa; "Guerra na Democracia, de John Pielger; e outros muitos. Fora Igreja! Os verdadeiros padres estão do lado do povo!


Making do filme Batismo de Sangue por Cinemas no Videolog.tv.

Caio Blat interpreta Frei Tito

Batismo de sangue: É preferível morrer que perder a vida

Maria Newnum*
O modo poético característico da escrita de Betto é apenas um dos componentes que colocaram essa obra entre os clássicos das leituras sociológicas, políticas e religiosas do Brasil. Essa resenha é baseada  na edição histórica de 1982 que sucedeu várias edições  e esta 14ª que inclui revisão e ampliação feitas pelo autor e um filme homônimo lançado em 2007, dirigido por Helvécio Ratton.
“Levei dez anos para escrever "Batismo de Sangue" (...). Reviver toda a saga de um grupo de frades dominicanos na luta contra a ditadura militar fez-me sofrer...”[1].
O resultado dessa coletânea de memórias, porém, está longe de um resumo mórbido. O relato é de uma beleza ímpar e homenageia com distinção, todos os personagens que sofreram durante o regime militar. Para isso o autor serve-se de certos personagens que ocuparam maior destaque na imprensa da época entre eles: Carlos Marighella, Frei Tito de Alencar Lima, vários frades dominicanos e “anônimos” que participaram ativamente do cenário brasileiro no auge da ditadura. “A resistência humana tem limites nem sempre conhecidos. Ao encarnar em sua vida os ideais pelos quais lutava Marighella conseguiu que o limite de sua resistência chegasse à fronteira em que a morte recebe o sacrifício como um dom”. (p.27).

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Colocando na balança 3

Remuneração média do funcionário público cresceu 30% no governo Lula



A boataria continua correndo pela internet. O e-mail que circula agora, para apavorar os funcionários públicos, sustenta que o governo Lula não aumentou a remuneração do funcionalismo.

Ao contrário da tese de que o funcionalismo público teria sido esquecido no governo do presidente Lula, a remuneração média do trabalhador brasileiro no setor público cresceu 30,3% entre o período de 2003 a 2008.

Prova disso são os dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS): a remuneração média passou de R$ 1.655 para R$ 2.158. Foram os trabalhadores da esfera pública Federal que tiveram o maior índice de variação positiva, passando de R$ 3.901 em 2003 para R$ 5.247 em 2008.

Por grau de instrução, a esfera pública contabilizava 2,32 milhões de servidores com Ensino Médio Completo em 2003, chegando a quase 3 milhões em 2008. Já o número de empregos com Superior Completo passou de 2,23 milhões para 3,12 milhões.

O total de trabalhadores – que compreende os setores das esferas federal, estadual e municipal – também cresceu, passando de 7,2 milhões para 8,7 milhões nesse período.

Em termos de contratações, a proposta orçamentária de 2011 prevê mais de 19 mil vagas para ingresso na carreira pública por concurso. Destas, 1.689 referem-se a vagas de concursos em andamento e 11.712 vagas para novos concursos.
Apaes receberam mais de R$ 282 mi do Fundeb em 2009. E em 2010 receberam mais

O candidato José Serra e o PSDB têm manipulado informações com a clara intenção de espalhar o medo entre as famílias das crianças portadoras de necessidades especiais atendidas pelas Apaes (Associações de Pais e Amigos do Excepcionais). Na TV, Serra insiste em afirmar que o governo Lula “persegue as Apaes” e corta verbas.

Mas a verdade é uma só: até o final de 2006, as Apaes e entidades congêneres atuavam onde o Estado era falho, e dependiam essencialmente de convênios públicos para funcionar. Apesar da boa vontade e do excelente trabalho realizado pelas associações, elas não conseguiam universalizar o atendimento, já que era impossível dar conta de toda a demanda existente.

A partir de 2007, porém, o Estado chamou a responsabilidade para si e começou a atuar onde não agia. Antes disso, era tudo pior. As verbas para a educação de crianças especiais chegavam através de frágeis convênios com o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef), e eram limitadas a crianças de 7 a 14 anos.

Em 2007, o Fundef virou Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), e incluiu nos orçamentos do Ministério da Educação, dos municípios e estados, repasses específicos para essa área.

A medida, instituída por decreto em regime de colaboração com os entes federados, garante o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência pela rede regular de ensino. Num período do dia, as crianças frequentam escolas regulares. No outro, a escola especial.

As Apaes continuam recebendo aportes e reconhecem os investimentos feitos pelo Fundeb. E a Justiça está de olho em mais esse boato: o Tribunal Superior Eleitoral já determinou a suspensão liminar da propaganda da coligação de apoio a Serra (PSDB), que afirmava que o “governo da Dilma” não havia repassado quaisquer valores para as Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes) em 2009.

Segundo o MEC, em 2009, as Apaes e outras instituições especializadas receberam através do Fundeb R$ 282.271.920,02. Em 2010, R$ 293.241.435,86. Além disso, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) repassa recursos às instituições filantrópicas para alimentação e material didático. Nos últimos três anos, foram destinados R$ 53.641.014,94 para essas ações.

Espalhe a verdade!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Sangue de Chico Mendes




Angela, a filha de Chico Mendes, em belo depoimento. Ela tem nas veias o sangue do pai. E assim honra Chico Mendes. Mostra que tem orgulho da luta dele contra o latifundio e o agronegócio.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Aloysio Biondi: O Riocentro da Petrobras

O Riocentro da Petrobras

Em fevereiro de 2000, o jornalista Aloysio Biondi publicou um artigo relatando os planos dos tucanos para esquartejar a Petrobras. “No Brasil a estratégia de destruir a Petrobras está sendo posta em prática pela Agência Nacional de Petróleo, confiada ao genro do presidente Fernando Henrique Cardoso, o senhor David Zylhersztajn”, relatou Biondi. Para tanto, relata ainda o jornalista, fatos de impacto estavam sendo usados para desmoralizar a empresa, mostrando-a incompetente e tentando jogar a sociedade contra ela. Algo parecido com o atentado do RioCentro, que a extrema direita planejou para inculpar as esquerdas e dificultar os planos de redemocratização do País. O texto permanece atual.

Aloysio Biondi, na Carta Maior (artigo publicado originalmente em 1° de fevereiro de 2000, na revista Bundas) e reproduzido por Azenha.

Primeiro, uma palavrinha aos incrédulos, ou crédulos. Na mesma semana em que a Petrobrás teve sua imagem destroçada com o vazamento na baía de Guanabara, lá longe, na Alemanha, o chanceler Schroeder pedia a criação de uma comissão independente para investigar a venda, em 1992, de uma refinaria da ex-Alemanha Oriental ao grupo estatal francês Alf-Aquitaine. Motivo: indícios de suborno e pagamento de propinas, da ordem de 45 milhões de dólares ao governo e ao próprio então chanceler democrata-cristão Helmut Kohl. E mais: tudo por ordem do ex-presidente socialista, francês, Miterrand. O episódio envolve países tidos como respeitáveis e líderes tidos como acima de qualquer suspeita até recentemente. Por isso mesmo, é um caso exemplar para relembrar aos brasileiros que a guerra secular para dominar ou garantir forte participação no setor petrolífero nunca terminou.
Assassinatos, golpes de Estado, invasão de países nunca foram descartados nesse conflito. Essas estratégias extremadas rarearam nos anos recentes, já que a “onda neoliberal” levou países de governos apátridas como o Brasil a começarem a entregar seu petróleo aos países ricos e suas multinacionais. No Brasil a estratégia de destruir a Petrobrás está sendo posta em prática pela Agência Nacional de Petróleo, confiada ao genro do presidente Fernando Henrique Cardoso, o senhor David Zylhersztajn. Primeiro houve os leilões para “venda” de áreas petrolíferas descobertas pela Petrobrás realizados no ano passado, e com novos leilões marcados estes primeiros meses do ano. Recentemente Zylhersztahn anunciou a venda de refinarias, oleodutos, gasodutos, postos de gasolina da Petrobrás – sob os argumentos mais cretinos do mundo.


AGORA ENTENDA, continue a leitura

sábado, 16 de outubro de 2010

Eleições históricas e decisivas - eleição presidencial 2010

Enviado por Raul Reis, o texto é do historiador Durval Muniz sobre o segundo turno das eleições presidenciais.Um texto imprescindível para entender o que significa cada proposta de governo: a proposta de Dilma/Lula ou a de Serra/Fhc
Vale muito a pena ler. E depois assistir o vídeo.

Eleições históricas e decisivas

Por Durval Muniz de Albuquerque Júnior, Historiador

Estamos num momento decisivo da vida brasileira, onde qualquer omissão pode ser imperdoável. Eu, que faço parte da parcela ainda privilegiada de brasileiros que conseguiu concluir um curso superior e fazer uma formação pós-graduada, não ficaria com a consciência tranqüila se não viesse a público, neste momento, com o uso daquilo que sei fazer: refletir, pensar, para tentar contribuir no sentido de dar um mínimo de racionalidade a um processo eleitoral que, muito pela influência de determinados setores da mídia, mas infelizmente também com a participação decisiva de candidaturas como a de José Serra e Marina Silva, descamba para se tornar uma discussão obscurantista, rasteira, mistificadora e preconceituosa, sobre temas e aspectos nomeados genericamente de “valores”, que interessam de perto aos setores mais conservadores e retrógrados da sociedade brasileira, fazendo ressuscitar dos porões das almas, das mentes e do interior da sociedade forças e subjetividades microfacistas.

Dirijo este texto àqueles que fazem parte como eu desta parcela letrada da sociedade, notadamente, daqueles alojados no interior da Universidade, e que, para minha surpresa e decepção, vêm manifestando a intenção de votar em José Serra no segundo turno das eleições. Como estou escrevendo para pessoas que julgo estar sob o império da racionalidade, nem me vou ocupar de rebater os motivos e argumentos apresentados para não se votar em Dilma Rousseff, em uma das campanhas mais sórdidas, mais caluniosas, injuriosas e preconceituosas já levadas a efeito no país, com a participação decisiva do candidato Serra e da mídia golpista que o apóia, a mídia que medrou e engordou durante a ditadura militar, campanha só comparável àquela de 1989, que levou ao poder o queridinho das elites brancas da época: o caçador de Marajás, Fernando Collor, (e todos sabem no que resultou aquela aventura amparada em retórica e práticas tão farisaicas, despolitizadoras e moralistas como as que embasam a atual candidatura tucana).

Embora pareça que para estes meus colegas, de estômagos fortes, não causa repugnância e náusea uma candidatura que explora e incentiva o tradicional desapreço e desprezo das elites brasileiras pelos nossos vizinhos da América Latina, pelos africanos e pelos asiáticos (o que fica demonstrado pelos ataques do candidato ao Mercosul, à Unasul, a chefes de Estados de países vizinhos democraticamente eleitos, alguns deles pertencentes a grupos historicamente excluídos naqueles países.

Na crítica à política externa do governo Lula mal se disfarçam a xenofobia e o racismo de nossas elites que sempre se julgaram brancas e sempre tiveram os olhos voltados para os Estados Unidos e para a Europa, onde na verdade sempre sonharam em viver; a política externa de FHC, onde o presidente falava inglês e o chanceler como um lacaio tirava os sapatos para passar nas alfândegas dos países desenvolvidos mostra bem isso); uma candidatura que explora o preconceito contra as mulheres, candidatura sexista, machista e misógina, que claramente tenta desqualificar o lugar da mulher na política e que utiliza a velha tática de pôr em suspeita a sexualidade de toda mulher que ousa desafiar os lugares reservados aos homens (com a conivência de inúmeras mulheres ditas independentes e feministas entronizadas como comentaristas na mídia, como Maitê Proença que chegou a convocar os “machos selvagens” para nos livrarem de Dilma; ressalte-se ainda o silêncio cúmplice de grandes lideranças intelectuais e políticas feministas ligadas ao PSDB, que deixo de nomear por respeito às suas trajetórias, que não deveriam necessariamente votar em Dilma, mas se posicionarem veementemente contra o tipo de campanha que faz o seu partido.

Este silêncio poderá custar caro à muitas conquistas feitas pelas mulheres. Me pergunto como pode ser que intelectuais deste quilate possam estar silenciosas diante do uso aético e mistificador da questão do aborto pelo candidato tucano, será que uma vitória eleitoral compensa a perda de uma reputação construída durante anos na luta das mulheres?

Ainda está em tempo de romperem o silêncio!; uma candidatura que explora e acirra o preconceito contra os homossexuais ao espalhar em emails apócrifos e criminosos na internet a suspeita de que Dilma seria lésbica (e qual o problema se fosse, sabemos com que órgãos de seu corpo ela exercerá a presidência); uma candidatura que açula o preconceito contra o pobre e o nordestino, que como sempre são tomados pelas nossas elites de classe média como aqueles ignorantes, que não sabem votar, que votam com a barriga e não com o cérebro, mesmo que estejam votando por defenderem a continuidade do governo que de longe foi o que mais beneficiou estas duas populações (porque votar em defesa do Bolsa Família, do Minha Casa Minha Vida, é menos racional que votar em defesa dos lucros exorbitantes conseguidos pelos beneficiários do processo de privatização, inclusive os grandes grupos de mídia e do banqueiro que aposta sempre no Meu Banco, Minha Vida?); uma candidatura que faz das mentiras mais descaradas e das promessas mais fajutas a sua apresentação (toma para si feitos dos outros, copia programas das outras candidaturas, promete fazer o que sempre fez diferente quando esteve no poder).

Claro que não vou perder meu tempo discutindo com vocês, que até agora não vomitaram e ainda continuam convictos do voto em Serra, argumentos de enorme racionalidade para não se votar em Dilma como: ela é um poste, ela matará criancinhas (repaginação sofisticada por Mônica Serra, como costuma ser toda repaginação de quem veste Daslu, a honesta Daslu, de conhecido enunciado anticomunista), ela roubou um banco, ela é assassina, ela vai fechar as igrejas, ela acabará com a liberdade de imprensa e outros argumentos ainda mais sofisticados como: “eu não fui com a cara dela”.

Por respeito a vocês todos que acho não seriam capazes de acreditar nestas baboseiras, passo a tratar de uma única justificativa que me pareceu racional, apresentada para o voto em Serra: o sucesso do governo Lula, que todos admitem, até mesmo o candidato Serra que subiu na sua garupa em plena propaganda eleitoral gratuita, teria se dado por este continuar o modelo de gestão perfeito e vitorioso do príncipe dos sociólogos Fernando Henrique Cardoso (há longo email na internet defendendo este ponto de vista racional e respeitável), embora este tenha sido escondido sistematicamente das campanhas do PSDB desde que deixou a presidência seguido de um sentimento de alívio nacional e já vai tarde na maioria de corações e mentes, até nos de muitos dos que hoje esquecidos ou arrependidos tentam salvar o seu legado e resolvem votar em seu candidato.

Como sou historiador, e este profissional tem como ofício ir ao passado para justamente olhar o presente de outra perspectiva, vou lançar mão de alguns traços da história do pensamento econômico no Brasil para tentar convencê-los de que no dia 31 de outubro estarão em confronto dois projetos radicalmente diferentes de país, duas maneiras distintas de interpretar e entender a sociedade brasileira, sua história, sua dinâmica econômica e social, formas radicalmente distintas de pensar a inserção do Brasil no capitalismo globalizado, nas relações internacionais, formas distintas de pensar a dinâmica do desenvolvimento e o papel que o Estado e as distintas classes e grupos sociais desempenharão neste processo.

Continue a leitura , assista o vídeo

O poderoso Paulo Preto

O poderoso Paulo Preto - Parte 1

O homem acusado pelo PSDB de dar sumiço em R$ 4 milhões da campanha tucana faz ameaças e passa a ser defendido por Serra

Sérgio Pardellas e Claudio Dantas Sequeira _

Revista Isto É



PORTAL VERMELHO:

O ex-diretor de engenharia da Dersa, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, acusado de tráfico de influência, desvio de dinheiro público e improbidade administrativa, capitaneou algumas das principais obras do governo de José Serra. Ele foi o responsável pela medição e pagamentos a empreiteiras contratadas para construir o trecho sul do Rodoanel, pela expansão da avenida Jacu-Pêssego e pela reforma na Marginal Tietê.


quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Cuidado com a possibilidade da volta políticas que podem entregar a biodiversidade pro primeiro que aparecer.

"As questões vitais é que a soberania do Brasil também depende de investimentos estratégicos no mapeamento das riquezas que nós temos, do que pode ser feito para o povo brasileiro em termos de novos medicamentos, novas fontes alimentares, novas fontes de energia. Existem dezenas de sementes oleaginosas do semi-árido que são não-comestíveis, que são muito mais eficientes na produção de óleo do que a mamona, por exemplo, que poderiam ser usadas em projetos de parceria de cooperativa no interior da caatinga do Brasil, para se produzir óleo biocombustível para trator, caminhão, que aliviariam tremendamente os custos da produção alimentar, familiar, nessa região do Brasil.

Isso precisa ser explorado, precisa ser mapeado com investimentos em pesquisa básica, em estudos de genômica funcional dessas plantas, tentar entender porque elas conseguem produzir esses óleos de alto valor energético e tentar transferir isso para a economia do Brasil. Existe toda uma economia que pode ser altamente sustentável, que pode preservar muito melhor o ambiente do que nós estamos fazendo até hoje e que pode servir de retorno em empregos e conhecimento que ampliariam ainda mais a matriz renovável energética brasileira.

Então, são coisas que estão na nossa cara e que eu acho que só uma política voltada para o Brasil, uma política que dê continuidade ao que o presidente Lula iniciou nestes oito anos, vai ter condições de manter dentro do Brasil. Porque existem evidentemente interesses enormes nessas riquezas nacionais, existe um interesse enorme nos cérebros brasileiros que estão desenvolvendo essas ideias e nós temos que manter isso de uma maneira agregada ao Brasil e não simplesmente dar isso de mão beijada para o primeiro que bater na porta com uma oferta ridícula de privatização ou da venda de nosso patrimônio intelectual para fora do Brasil."

A íntegra da entrevista está em Vi o Mundo

segue abaixo a introdução de Azenha:
Miguel Nicolelis recebe outro prêmio científico dos Institutos Nacionais de Saúde dos E.U.A.
Dois meses depois de ter recebido dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos US$2,5 milhões para investir em suas pesquisas no campo da interface cérebro-máquina, Miguel Nicolelis volta a ser distinguido com um prêmio de aproximadamente US$4 milhões da mesma instituição. Os recursos devem ser aplicados no desenvolvimento da nova terapia para o mal de Parkinson que vem mobilizando o pesquisador há alguns anos e que, na avaliação dos NIH, se constitui numa pesquisa “arrojada, criativa e de alto impacto”. Miguel Nicolelis é a primeira pessoa a receber da instituição americana no mesmo ano o Director’s Pioneer Award e o Director’s Transformative R01 Award.
*****
Hoje liguei para a Universidade de Duke, nos Estados Unidos, quando soube por e-mail que Nicolelis tinha decidido anunciar publicamente seu apoio à candidatura da ex-ministra Dilma Rousseff.
Ele afirmou que faz isso por acreditar que Dilma representa um projeto de país em linha com o que acredita ser desejável para o Brasil: o desenvolvimento de uma “ciência tropical” e de um conhecimento voltado para garantir a soberania nacional. O áudio e a transcrição aparecem abaixo: (na íntegra)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Ex marido de Dilma fala a O Globo


Entrevista de  O Globo
Ex-marido de Dilma fala sobre temperamento forte e faz elogios à candidata do PT


'Em casa nunca teve murro na mesa'
O advogado Carlos Araújo, de 72 anos, é só elogios à ex-mulher, Dilma Rousseff; inclusive sobre seu temperamento forte

ENTREVISTA com Carlos Araújo

PORTO ALEGRE - No casarão às margens do lago Guaíba, em Porto Alegre, as únicas reminiscências dos tempos de militância e da luta armada do casal Vanda e Max são quadros na parede com fotos do comunista Mao Tsé-Tung. A casa foi dividida pelos dois por 30 anos. Hoje, está tomada por fotos da filha dos dois, Paula, e pilhas de cartazes de propaganda da campanha da agora ex-mulher de Max, que, na verdade, se chama Carlos Araújo: Dilma Rousseff, a Vanda.
A rotina do advogado de 72 anos, que se levanta às 3h para ir ao escritório, onde defende causas de operários, em nada se parece com o glamour da vida de Dilma em Brasília. De hábitos simples, Carlos sofre de enfisema.
Vive acompanhado de dois cachorros e, atualmente, da ex-sogra, dona Dilma Jane, e de uma tia da candidata, dona Arilda. Apesar do tubo de oxigênio na sala e da proibição de fumar, não foi desautorizado pelos médicos a tomar uma cervejinha diária, “não muito gelada”.
Há dez dias, ele relembrou sua história com a ex-mulher, que acompanha da sala com dois telões de LCD — um para o noticiário e outro para os jogos de futebol.
Carlos diz que não ajuda na campanha por causa da doença, que o impede de suportar o clima seco de Brasília. A última vez que visitou a ex-mulher foi quando ela teve câncer, no ano passado. Ficou com ela uns 10 dias no início do tratamento. Em setembro, voltaram a se encontrar, quando ela esteve no Rio Grande do Sul: — Não faço nada na campanha. Gostaria muito de estar em Brasília, na retaguarda, ajudando em algo. Mas não posso.
Após a separação, no fim da década de 90, Dilma comprou um apartamento no mesmo bairro para que os dois continuassem próximos, por causa de Paula. Dilma não se casou novamente.
Carlos tem uma namorada, que diz dar-se muito bem com Dilma.
— Presidente tem essa coisa da primeira-dama. Se um dia a Dilma precisar, estarei a seu lado — diz Carlos.
Viveram 30 anos juntos e até hoje Carlos tem admiração inequívoca pela ex-mulher. O temperamento forte dela não é negado por ele. Mas “aqui em casa nunca teve esse negócio de dar murro na mesa”, diz ele sobre a fama da ex-ministra em Brasília. Em entrevista ao GLOBO, Carlos relembra o passado e diz acreditar na vitória de Dilma.

Maria Lima e João Guedes, PORTO ALEGRE

Quando e onde o senhor conheceu Dilma?  
CARLOS ARAÚJO: Em 1969, no Rio, numa reunião. Ela era da Colina, e meu grupo não tinha nome. Com a fusão, virou o Var-Palmares. Ela tinha 19 anos e eu, 30. Na segunda reunião, já estava apaixonado. Um mês após, estávamos morando juntos.
Ela era linda, um espetáculo! Esse negócio que falam de amor à primeira vista, né?

O que mais chamou sua atenção em Dilma?
CARLOS: Ela ser tão jovem e tão entregue à luta política.
Uma inteligência muito forte e pujante. E sua beleza.

Que música marcou a relação?
CARLOS: Rita, do Chico Buarque.
Namorávamos, às vezes, no apartamento em que a gente ia, mas a gente não podia ficar por questão de segurança. Namorávamos em praças, bairros mais retirados. De vez em quando ali por Ipanema, Jardim de Alá.

Mas ela já era casada (com Claudio Galeno Linhares)...
CARLOS: Mas só formalmente, o casamento já estava se desfazendo, não conviviam mais, viviam foragidos.
Quando nos conhecemos, ela falou para o marido que íamos viver juntos. Eu e o marido dela ficamos amigos, militamos juntos. Ele foi para o exterior, se casou, teve filhos. Em 76, voltou e veio morar na minha casa. Eu o abriguei por um bom tempo.

Moraram os três nesta casa?
CARLOS: Eu e Dilma morávamos aqui. Ele veio com a mulher e os filhos.

Não tinha ciúmes?
CARLOS: Podia ter ciúmes de outra situação, não dele, cada um já tinha seu rumo. Sou um bom ex-marido. Falo bem da Dilma, não é? Não falo mal.

Nesses 30 anos de convivência, em que momentos ela era mais brava e mais delicada?
CARLOS: Não existe pessoa mais ou menos brava. Dilma sempre teve temperamento forte, é da personalidade dela. O que tirava ela do sério era deslealdade, falta de companheirismo, a pessoa não ter palavra, dar bola nas costas. Não sei como ela faz lá (em Brasília). Aqui em casa nunca teve esse negócio de dar murro na mesa.

Quem mandava na casa?
CARLOS: Nossos parâmetros não eram esses, de quem manda, não manda. Éramos companheiros.
Não era nosso estilo um mandar no outro. Foi uma bela convivência. Tivemos uma vida boa juntos, tenho recordação boa, não é saudade.

Como foram as prisões?
CARLOS: A dela foi em São Paulo.
Ela foi presa sete meses antes de mim. Eu estava no Rio.

Como ficou sabendo?
CARLOS: Quando ela foi presa, a primeira coisa que fiquei sabendo foi seu nome verdadeiro, que não sabia durante o ano que vivemos juntos. Naquele tempo, eles publicavam o nome, de onde era, filho de quem, logo em seguida. Soube que ela se chamava Dilma porque vi lá: filha de fulano, mineira. Até então, a única coisa que sabia dela era que era mineira. Pela regra de segurança, ninguém sabia nada de ninguém. Ela também não, sabia que eu era Carlos.

Se encontraram na prisão?
CARLOS: Fui para São Paulo.
Antes, ficamos incomunicáveis.
Era uma loucura! Tinha cartazes nas ruas, aeroportos, rodoviárias, com nossos nomes e foto escrito “procurados”. Depois que fui preso, passei por um lugar por onde ela já tinha passado, na Rua Tutoia, na tortura.
Depois fui para o Dops e para o presídio. Ela já estava no presídio, mas não nos vimos. Três meses depois, ia ser transferido para o Rio, me botaram num camburão e eu vi, de longe, que ela estava no outro camburão.
Íamos ser ouvidos no Rio e fomos para a frente do juiz. Nos abraçamos rapidamente e logo nos separaram. E só fomos nos ver de novo um ano depois, no presídio de Tiradentes, em São Paulo, onde tínhamos direito a receber visita da família juntos.

Três anos depois ela foi solta e o senhor não...
CARLOS: Sim. Ela foi a Minas, visitar os pais e veio morar nesta casa, com meus pais. Depois que fui solto, moramos juntos 30 anos.

O senhor foi para o presídio da Ilha da Pólvora..
CARLOS: Eu ficava na prisão e ela aqui. Não dava para fugir de lá, era uma ilha pequena. A gente não ficava na casa da pólvora. Só à noite. A prisão era a ilha.

Naquele momento, achava que ela ia chegar tão longe?
CARLOS: Ninguém achava, né? Não fazia parte dos projetos: ah, quero ser presidente! Não tinha ambição nenhuma. Ela queria se formar em economia e fazer política.
(Quando Lula a escolheu) Acho que ela estava no lugar certo na hora certa. E o Lula escolheu muito bem. Que presidente pode contar com uma pessoa como a Dilma, confiar cegamente que não vai ter bola nas costas? Ela tem o sentimento profundo da lealdade.

Foi difícil para ela passar por essa transformação? Plástica, cabelo, voz...
CARLOS: Não foi nenhum sacrifício.
Fui até enfermeiro dela quando fez a plástica. Dilma nunca se preparou para ser presidente e teve que encarar. A plástica foi bem, não foi aquela coisa exagerada, ela assimilou bem, acho que gostou.

E o guarda-roupa, o senhor acha que melhorou?
CARLOS: Está bom. Melhorou.
Antigamente, a Dilma era como eu. Sou atirado nas cordas. Ela também era meio atiradona mas, depois de um certo momento, ela tomou gosto. Gostou de se pintar. Gostou de se arrumar bem, de ir no cabeleireiro toda a semana, fazer as unhas.

O senhor é confidente dela?
CARLOS: Não. Sou amigo. Minha vida com a Dilma é uma vida não-política. Quando o Lula acenou para ela, ela veio conversar comigo e Paula. O que vocês acham? Ela não tinha dúvida, queria conversar. Disse que estava em condições, que ia se preparar da melhor forma possível.
Não titubeou, nem tinha receio.
Pelo menos, não revelou.
Aí veio a doença...

CARLOS: Nos pegou desprevenidos.
Quando ela falou a primeira vez, ficamos muito emocionados, sensibilizados, preocupados.
Mas ela disse: tudo indica que é benigno. Ela disse que tudo indicava que não era maligno, mas sentia energia de enfrentar a situação mesmo que fosse o pior. A gente só pensou em dar carinho e ser solidário.

Temeram pela campanha?
CARLOS: Não. Mesmo porque quando vieram os resultados, que era benigno, que era curável rapidamente, com equipe de bons médicos... Não era maligno.
Ela fez quimioterapia para cortar aquele quisto, para não se tornar maligno.

O que o senhor sente ao ver na internet que a Dilma é uma perigosa ex-terrorista?
CARLOS: É a baixaria dos que apoiavam a ditadura para prejudicá-la, para ganhar no tapetão.
O que ela tem de perigosa? A Dilma nunca pegou em armas.
Não era o setor dela.

E qual era o setor dela?
CARLOS: Era o mais político, de organizar movimentos, preparar o pessoal, fazer propaganda.
Desde quando pegar em armas é terrorismo? A gente tem orgulho do que viveu, era uma jovem corajosa, desprendida, entregando sua juventude, sua dor. Foi para a luta achando que ia morrer.
Muita coisa que fizemos foi equivocado politicamente, tudo bem. Mas isso é outra coisa.



(do Luis Nassif Online)

sábado, 9 de outubro de 2010

O QUE A VEJA DISSE ONTEM ELA DESDIZ HOJE - E O QUE ELA DIZ NÃO TEM CREDIBILIDADE HÁ MUITO.


"NÓS FIZEMOS ABORTO"

Mulheres de três gerações enfrentam a lei, o medo
e o preconceito e revelam suas experiências

- Andréa Barros, Angélica Santa Cruz e Neuza Sanches

ELAS RESOLVERAM FALAR. Quebrando o muro de silêncio que sempre cercou o aborto, oito dezenas de mulheres procuradas por VEJA decidiram contar como aconteceu, quando, por quê. Falaram atrizes, cantoras, intelectuais mas também operárias, domésticas, donas de casa. Falaram de angústia, de culpa, de dor e de solidão. Também falaram de clínicas mal equipadas, de médicos sem escrúpulos, de enfermeiras sem preparo, de maridos e namorados ausentes. A apresentadora Hebe Camargo contou que, quando era uma jovem de 18 anos, ficou grávida do primeiro namorado e foi parar nas mãos de uma curiosa que fez a cirurgia sem anestesia nem cuidado. A atriz Aracy Balabanian, a Cassandra do Sai de Baixo, ficou grávida quando estava chegando aos 40 anos e dando fim a um longo relacionamento. Resolveu fazer o aborto, convencida de que a criança não teria um bom pai nem ela seria capaz de criá-la sozinha. Metalúrgica da Força Sindical, a mineira Nair Goulart, 45 anos, fez dois abortos nos anos 70 por motivos econômicos. Ela e o marido, também operário, ganhavam pouco, viviam num quarto de despejo e não teriam meios de educar nenhum filho.

Quando o Congresso brasileiro debate a regulamentação de uma legislação que autoriza a realização de aborto apenas em caso de estupro e de risco de vida para a mãe como está previsto no Código Penal desde 1940 , a disposição das mulheres que falaram a VEJA não é apenas oportuna, mas também corajosa. Embora o 1º Tribunal do Júri de São Paulo, o maior do país, já tenha completado mais de uma década sem condenar nenhuma mulher em função do aborto, a legislação estabelece para esses casos penas que vão de um a três anos de prisão. E a maioria delas não fez aborto pelos motivos previstos em lei, mas porque, cada uma em seu momento, cada uma com sua história pessoal, considerou as circunstâncias e concluiu que interromper a gravidez era uma saída menos dolorosa do que ter um filho que não poderia criar.
(Leia a íntegra)

VAMOS VER... AQUI  O MAPA DA SITUAÇÃO DO ABORTO NO MUNDO. ESTAMOS NA COR VERMELHA, ONDE SE VE APENAS ALGUNS PAÍSES DA ÁFRICA E DA AMÉRICA CENTRAL. UMA POSIÇÃO DISSONANTE DO MUNDO.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Revisitando a hipocrisia do discurso de oportunidade

 Meias verdades e muita dissimulação no debate sobre a questão da descriminalização do aborto.Como se pode conferir na matéria reproduzida da revista TPM, a chefe de torcida e coordenadora da campanha de "massa" do candidato tucano Serra, confessa que praticou o aborto e que reconhece como uma questão de saude pública. Não estávamos em ano eleitoral.
A inquisição, sempre a chafurdar e a esperar uma oportunidade de acender a fogueira, cola nas forças que tem José Serra como a única chance de ressuscitar o autoritarismo e o arbítrio no País. Militares aposentados, torturadores de pijama, religiosos hipócritas, interesseiros e vendilhões demonizam os que entendem a questão como uma questão de estado, de saude pública. O Estado é laico. O fundamentalismo esconde interesses.


A atriz Vera Zimmermann, a apresentadora Cynthia Howlett, a vereadora Soninha Francine e a VJ Penélope Nova já fizeram aborto. Um milhão de brasileiras passam pela mesma experiência todos os anos. Segundo nosso Código Penal, escrito em 1940, todas elas estão cometendo um crime. Vera, Cynthia, Soninha e Penélope tiveram a coragem de mostrar a cara porque são a favor da legalização do aborto. Nenhuma delas têm boas lembranças da experiência. Mas sabem que não é com  ameaça de cadeia que vai se conseguir resolver o problema

 Soninha Francine, 37, é vereadora em São Paulo e apresentadora da ESPN:
“Fiz um aborto quando fiquei grávida pela terceira vez. Tinha duas filhas, ainda não tinha entrado em contato com o budismo e meu casamento estava acabando. Já estava tudo muito difícil, não ia conseguir levar aquela gravidez adiante. Falei com uma amiga que já tinha feito, e ela me indicou o médico. Tinha muitas dúvidas, mas minha amiga me disse que passou pelas mesmas encanações e que, por isso, depois do aborto, pediu ao médico para ver o feto. Como estava com menos de cinco semanas de gravidez, a única coisa que ela viu foi sangue. Isso me tranqüilizou. Fui ao consultório, que era perto do metrô, no Largo da Concórdia. Meu marido foi comigo. Chegamos, entrei numa sala, e o médico raspou meu útero com uma espécie de colher. Demorou uns 15 minutos. Doeu, doeu, doeu e aí acabou. O médico perguntou se eu estava me sentindo bem e disse que eu podia ir embora. Na primeira menstruação depois do aborto tive hemorragia. Fui para a Beneficência Portuguesa. O médico que me examinou perguntou se eu estava grávida. Disse que tinha feito um aborto 15 dias atrás. Ele falou que talvez tivesse que fazer uma nova curetagem. Alguma coisa tinha dado errado. Fiz a curetagem, com anestesia, tudo como uma operação comum. O ultra-som acusou ‘restos de abortamento’, que merda. Passei uma noite no hospital e fiquei pensando que coisa grotesca eu tinha feito. Não queria que ninguém soubesse, estava com muita vergonha. Não era nem porque eu poderia ser presa, era vergonha mesmo. Hoje, tenho certeza de que não faria outro, mas naquela época foi muito decidido. O budismo, a religião que sigo, diz que você não deve tirar a vida de nenhum ser. Para o budismo, o feto, a célula fecundada, é um ser. Mas não há como negar: as pessoas fazem aborto. E, quanto mais escondido, maior o risco. Se você se espeta com uma agulha de crochê no banheiro da rodoviária é grande a chance de ter uma infecção. Então, a melhor coisa a fazer é tentar diminuir o número de vidas perdidas nesse processo. Para mim, não é o caso de uma defesa do tipo ‘cada um faz com o seu corpo o que quiser’. Não acho que a mulher é a dona do seu corpo e foda-se o que ela faz com ele. Mas o fato de ser considerado crime provoca inúmeras mortes, e isso não é bom. Acho que o ideal seria descriminar, mas sem liberar geral. Aborto é uma questão de saúde pública, mas deve ser tratado como exceção.”


Penélope Nova, 31, é VJ da MTV:
“Fiz aborto duas vezes. A primeira foi em 1989, com 15 anos. Na época, não se usava camisinha como hoje. Engravidei do meu primeiro namorado, com quem tinha perdido a virgindade. O namoro já havia acabado quando soube que estava grávida. Era muito nova e não via sentido em ter um filho naquelas circunstâncias. Meu ex só soube depois que eu já tinha feito o aborto. Não contei antes porque tive medo de que ele quisesse ter o bebê. A única pessoa que ficou sabendo foi minha mãe, que já morava na Itália, e sempre foi muito minha amiga. Decidi fazer com Cytotec, que na época era vendido em farmácias sem a necessidade de receita. Todo mundo sabia que aquele remédio para úlcera induzia o organismo a iniciar um processo de contrações similar a um aborto natural. Estava com cinco semanas e achei bem menos arriscado o remédio que o aborto em clínicas, mais invasivo. Depois de tomar, senti cólica por meia hora. Não tive hemorragia nem arrependimento, sei que foi a decisão certa. Não vejo sentido em ficar pensando como teria sido minha vida com um filho indesejado – e não gostaria de ser um. Provocar um aborto não é uma coisa natural, não é saudável e não é gostoso. Não acho que o aborto deva ser incentivado, mas também não cometi nenhum crime. É por isso que defendo a descriminação. E não apenas em meu nome, mas em nome das mulheres que vêem no aborto a única alternativa, a ponto de enfiarem uma tesoura na vagina para poder provocá-lo. A educação funciona, mas a médio/longo prazo. Quando a educação cumprir seu papel, o número de abortos vai cair naturalmente. As questões de cunho religioso/espiritual devem ser respeitadas tanto quanto o direito de ter ou não outras convicções. Aos 26 anos, optei pelo aborto uma segunda vez. Eu usava DIU e estava namorando há algum tempo, por isso transava sem camisinha. Dessa vez fui ao meu médico e disse que queria fazer um aborto. Mesmo ele não sendo pró-aborto, me orientou para tomar o Cytotec porque concordou que a pílula era menos invasiva que a intervenção. Mais uma vez, não me causou nenhum trauma. Fui prevenida, mas não tinha vontade de ter filho sem um pai presente. Não acredito que bastam condições financeiras. E não gostaria de ser mãe solteira, porque acho que a responsabilidade de gerar alguém vai além da capacidade de procriar. Já vivemos num mundo com gente estourando pela tampa e sequer sabemos até quando haverá água para todos.”

http://revistatpm.uol.com.br/revista/41/reportagens/descrimine-ja.html

domingo, 3 de outubro de 2010

BRASIL NUNCA MAIS

BRASIL NUNCA MAIS
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