sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Zelaya nos pediu abrigo e não teríamos como negá-lo

“Zelaya nos pediu abrigo e não teríamos como negá-lo. Muitos que atuam hoje na política brasileira utilizaram o asilo político no passado e hoje criticam a atitude brasileira”. (Dilma)

Pessoas usam máscaras para se proteger na embaixada

Militares lançam gases dentro da embaixada do Brasil

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, denunciou nesta sexta-feira (25) que a Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde ele está abrigado, teria sido atingida por um "gás tóxico". Ele pediu a intervenção urgente da Cruz Vermelha Internacional. Os dois funcionários da embaixada que permanecem no prédio com Zelaya também confirmaram que ainda havia cheiro de gás e pessoas passando mal na sede diplomática. Zelaya disse que o episódio deteriora o diálogo com o governo golpista.


O presidente deposto afirmou que há possibilidade de suspensão nas negociações, quando questionado sobre os efeitos do ato de agressão. "Como essas pessoas não respeitam os direitos humanos, o diálogo se deteriora. É muito difícil conversar com elas", colocou.

"Espalharam um gás tóxico que os militares usam para evacuar gente. As 60 pessoas que estão aqui estão tentando respirar no pátio", disse. Ele reclamou que estava usando máscara e "com a garganta seca".

O representante da Embaixada do Brasil José Wilson informou que no prédio, agora, há pessoas expelindo sangue pelo nariz e pela urina. "É um efeito do gás." Segundo o cônsul brasileiro responsável pela embaixada, Francisco Catunda, a Cruz Vermelha foi chamada para prestar atendimento dentro do prédio.

Um fotógrafo da AFP que está na Embaixada disse ter visto pessoas vomitando sangue. Uma repórter da Telesur também relatou ter visto pessoas com o nariz sangrando e afirmou que os pollicias estão bloqueando a entrada de mantimentos. Um médico que se encontra na embaixada estaria tratando de atender os atingidos.

O chefe dos militares que cercam a embaixada, Jorge Cerrato, negou o uso de qualquer tipo de gás tóxico. "O que acontece lá dentro é que existe um grupo que faz a limpeza do local com equipamentos que têm motores movidos a gasolina. De qualquer forma, os médicos e os representantes dos direitos humanos vão poder entrar para averiguar o que está acontecendo."

Abertura dos diálogos

Nas últimas horas, havia a expectativa de avanço nas negociações para pôr fim à crise. Apesar de a sede diplomática ainda se encontrar rodeada com efetivos militares e policiais, nesta sexta, entraram no prédio representantes da igreja católica, com o bjetivo de conversar com zelaya sobre a situação do país.

O diálogo também estava sendo mediado por quatro dos seis candidatos à Presidência de Honduras. A vice-ministra de Relações Exteriores do governo de Honduras, Martha Lorena Alvarado, confirmou a ocorrência de diálogos informais com Zelaya, apesar de sustentar que essas conversas não significam a volta do presidente deposto ao poder.

No encontro com quatro candidatos à presidência nas eleições marcadas para novembro, hoje, Zelaya comentou que propostas feitas pelo governo golpista são inviáveis. Os presidenciáveis também se encontraram com o chefe do governo golpista, Roberto Micheletti.

Zelaya informou ainda que manteve o primeiro contato desde sua volta a Honduras com um funcionário de Micheletti, sem especificar o nome. Segundo ele, houve um diálogo "positivo". Antes do episódio do gás, ele havia dito que os encontros eram um primeiro passo para por fim à crise. Segundo ele, contudo, as propostas do governo golpista "não são viáveis”, já que preveem a saída de Micheletti, mas sendo substituído por “outras personalidades”, e não pelo presidente constitucionalmente eleito, que é Zelaya.

"Não posso dar nomes das pessoas que virão. É importante o que estão fazendo o setor privado, religioso, com os meios de comunicação, como o setor político", disse Zelaya, antes da investida com o gás.

Os presidenciáveis presentes ao encontro foram Elvin Santos, candidato do governante Partido Liberal, Porfirio Lobo, do Partido Nacional, Felícito Ávila, do Democracia Cristã e Bernard Martínez, do Inovação e Unidade.

Após os encontros, Zelaya exortou todos a buscar uma solução política rápida para a crise em Honduras. "O problema deve ser resolvido em pouco tempo, e creio que com o apoio dos senhores será mais fácil", afirmou Zelaya aos candidatos. Segundo a Telesur, contudo, não havia, até então sinais de que Micheletti estivesse disposto a ceder. Pelo contrário, continuaria emitindo comunicados mantendo o toque de recolher.

De acordo com rede Telesur, a expectativa dos presentes na embaixada, até então, era grande, tanto por conta da reunião da ONU, quanto dos diálogos iniciados com o governo golpista.

Do Vermelho, com agências

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