quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Jornalistas, Uní-vos!



Uní-vos, Um Manifesto de Leandro Fortes


Não tem mais “barriga” nos jornais brasileiros, ninguém é sequer advertido quando faz uma cagada. Só pode ser. Ou é má fé explícita. Essa matéria recente sobre Tião Viana, na Folha de S.Paulo, tirada do nada, é uma investigação jornalística enviesada, usada para encobrir uma óbvia encomenda editorial. A assessoria do senador já havia informado à repórter sobre o fato de o imóvel estar no nome da mulher dele. Mas aí aparecem os tais “especialistas” convocados, sistematicamente, para dar suporte às chifradas jornalísticas dessa que ainda se intitula “grande imprensa”.

Olhem o trecho da chamada do portal UOL, do qual sou assinante, e, por isso, cobro duplamente:

“A assessoria do senador alegou que o terreno não foi declarado à Justiça Eleitoral porque pertencia à sua mulher, Marlúcia Cândida Viana. Mas, como o senador é casado em regime de comunhão total de bens, o imóvel pertence aos dois, segundo tributaristas ouvidos pela Folha.”

O que significa isso? A interpretação ocasional de tributaristas como mecanismo para se montar um escândalo! Não nutro nenhuma simpatia pelo senador Tião Viana, tão novo e já deslumbrado com a chaga do patrimonialismo, a ponto de ter dado à filha, em viagem de férias ao México, um celular do Senado para que ela gastasse à vontade. Coisa, aliás, que ela levou a sério: a conta foi de 14 mil reais, só ressarcidos aos cofres públicos porque a mordomia foi descoberta. Isso, no entanto, não justifica o exercício de um certo tipo, este sim, escandaloso, de jornalismo, cada vez mais difundido como normal e corriqueiro. E é coisa diária, diuturna, que despreza a inteligência alheia, o poder da internet, a capacidade de reação dos leitores e dos jornalistas, estes, culpados em última instância.

A canalha é de jornalistas, não de patrões, é preciso que se diga. Quem faz o trabalho sujo nas redações não são os donos dos meios de comunicação, são os jornalistas. O problema é que as redações, hoje, têm gente demais disponível para fazer qualquer coisa. Vive-se a primazia da má fé e louva-se a inversão dos valores como condição primordial à sobrevivência dentro do mercado. Não é verdade. É possível ser jornalista e trabalhar em qualquer lugar sem se submeter ao mau-caratismo. Arriscado, mas possível.

O pior é que nós, jornalistas, temos uma arma institucional com alto potencial de marketing corporativo, a cláusula de consciência do Código de Ética, mas a coisa virou letra fria. Tinha que ter uma campanha dos sindicatos e da Fenaj, dentro das redações, com o slogan “Isso eu não faço!”. Para o jornalista novo, o foca, o repórter que está angustiado se sentir apoiado pela categoria. Para dizer, sem medo: isso eu não faço porque é ilegal, é imoral, é desrespeitoso, é injusto, é antijornalístico, enfim.

A internet abriu uma perspectiva sem limites para se fazer alguma coisa de concreto, além de expor esse estado de coisas na blogosfera, que já é uma coisa sensacional. Eu queria muito que todos nós, jornalistas do Brasil, pensássemos na possibilidade de criar um blog coletivo, jornalístico, independente, com receita publicitária capaz de fazer as coisas funcionarem. Para se posicionar acima dessas figuras que aí estão, cheias de cargos, títulos honoríficos e salários polpudos, mas incapazes (ou capazes até demais) de entender o valor agregado da blogosfera e o potencial crítico – e realmente jornalístico – do mundo virtual.

As grandes estruturas de comunicação do Brasil têm dinheiro, crédito, pessoal e equipamento, mas, apesar de toda essa vantagem, estão aprisionadas por compromissos políticos e econômicos cada vez mais restritos. Ficam assustadíssimas, contudo, com a capacidade que a internet tem para tornar explícita essa relação e, mais ainda, colocar a nu o mundinho autista e auto-referencial no qual estão encapsuladas. Um mundo onde repórteres e colunistas escrevem uns para os outros, se auto elogiam e compartilham vaidades ensaiadas, numa tentativa patética de se parecer com quem lhes paga o salário. O resultado disso é um descolamento absoluto da realidade social, na qual se inserem de forma superficial e, por isso mesmo, descompromissada, como se fazer jornalismo fosse, como quer o STF, tarefa para qualquer um.

A Sociedade Americana de Revistas dos Estados Unidos calculou, no ano passado, que criar uma revista de papel e lança-la nacionalmente custa cerca de 15 milhões de dólares por mês. Uma, na web, sai por 100 mil dólares. Essa relação não deve ser muito diferente no Brasil. Talvez seja até mais barato. Entre 1976 e 1983, jornalistas do Rio Grande do Sul, jogados no desemprego por se posicionarem contra a ditadura militar, fundaram e tocaram o Coojornal, uma experiência jornalística corajosa e altamente profissional, baseada no cooperativismo. Talvez seja a hora de pensarmos em algo semelhante, antes que só restem maus exemplos – embora, dizia Santo Agostinho, sejam esses os melhores exemplos para quem se disponha a aprender, verdadeiramente, a diferença entre o bem e o mal.

Blog do Olímpio Cruz

terça-feira, 25 de agosto de 2009

DESMENTIDO. Quem começa?


Diversos blogs e a revista Carta Capital informam que o tal encontro que Lina Vieira, a Folha, O Globo e o Estadão dizem ter acontecidmo no dia 19 de dezembro, não pode ter acontecido no dia 19. Lina estava a caminho do Rio Grande do Norte, Dilma passou o dia em atividades públicas.

QUEM MENTIU?
Jorge Furtado*

Elio Gaspari é um jornalista com apreço pela verdade. Como todo mundo, pode cometer erros e os comete mas, eu suponho, sua intenção é publicar a verdade, ou o que julga ser a verdade. A notícia deve ter como ponto de partida a verdade factual. Dois exemplos de erros factuais cometidos por Elio Gaspari, os dois contra o governo Lula:

No dia 7 de setembro de 2003 Gaspari divulgou uma informação chocante: o Palácio do Planalto comprava dois tipos diferente de papel higiênico, o extrafino e o interfolhado.

“É com imenso pesar que aqui se transcrevem os termos do pregão 030/2003, convocado pelo Palácio do Planalto:

Objeto:
Aquisição de papéis diversos de higienização pessoal visando suprir os estoques da Coordenação Geral de Patrimônio, Engenharia e Transporte da Presidência da República (almoxarifado) por um período estimado de quatro meses, acrescida da margem de segurança de três meses para manutenção do estoque mínimo.

Das especificações e quantidades:
1) Papel higiênico extrafino, folha dupla, neutro. Medindo dez centímetros por 30 metros, cor branca, alta qualidade, 100% puro celulose, picotado e liso (2.560 rolos).
2) Papel higiênico interfolhado, folha dupla, medindo 11 centímetros por 21 metros, 100% celulose, matéria-prima virgem, cor branca, macio, resistente, hidrossolúvel, folhas intercaladas, compatível com porta-papel higiênico marca Ideal.

São dois, portanto, os tipos de papel higiênico usados no Planalto. Admitindo-se que sirvam para a mesma coisa e sabendo-se que, nesse uso, só há um lado (o de fora), bem que o chefe da Casa Civil, comissário José Dirceu, poderia dizer como funciona o processo de seleção petista para decidir quem rola no “extrafino” e quem milita no “interfolhado”.

Felizmente não era verdade. Gaspari admitiu o erro em sua coluna seguinte, no dia 14 de setembro de 2003:

“Foi injusta a insinuação de que o Palácio do Planalto mandou comprar papel higiênico de duas qualidades diferentes. O palácio licitou dois tipos de papel porque são dois os modelos de suporte existentes em seus banheiros. Em alguns casos, usam-se rolos, e em outros, caixinhas com papel interfolhado, aquele que, puxando-se um pedaço, aparece a ponta da folha seguinte. Os dois tipos de papel não são iguais, mas são semelhantes na qualidade.”

Em sua coluna de 29 de fevereiro de 2004 na FSP ele descrevia o pífio resultado da economia do governo Lula se comparado aos governos anteriores (faz tempo), e informava que o governo brasileiro gastava “cerca de R$ 3 bilhões anuais com produtos” da Microsoft. Para quem conhecia o estímulo do governo ao uso de softwares livres, a informação era chocante.

Felizmente também não era verdade. Gaspari admitiu o erro em sua coluna seguinte, no dia 7 de março de 2004:

“O governo federal não compra R$ 3 bilhões por ano de produtos da Microsoft. No ano fiscal de 2003, todos os negócios da empresa no Brasil somaram R$ 925 milhões. Disso, apenas 6% representam vendas para os governos federal, estaduais e municipais.”

Um erro considerável: de 6 bilhões gastos pelo governo Lula a conta baixou para 55 milhões gastos por todos os governos do país, municipais, estaduais e federal.

É possível que muitos dos leitores dos erros factuais publicados em destaque por Elio Gaspari não tenham lido suas correções, bem mais discretas, uma semana depois. Como jornalista, no entanto, ele fez o que tinha que fazer: admitiu o erro, no mesmo espaço.

Em sua coluna de hoje Gaspari comete mais um erro factual, outra vez prejudicial ao governo Lula. Gaspari informa que a ex-secretária Lina Vieira, que afirma ter sido chamada pela Ministra Dilma para uma reunião na Casa Civil, “estimou que o encontro pode ter ocorrido no dia 19 de dezembro passado”. Informa também que desapareceram os dados da agenda da Ministra relativos ao dia 19. Gaspari mais do que insinua que o tal desaparecimento tenha sido intencional:

“Quem quer acreditar nessa versão é obrigado a supor que aconteceu uma enorme coincidência.”

Pois vários blogs e a revista Carta Capital, que chegou as bancas antes da edição de domingo da Folha de São Paulo, informa que o tal encontro que Lina Vieira, a Folha, O Globo e o Estadão dizem ter acontecido no dia 19 de dezembro, não pode ter acontecido no dia 19, Lina estava a caminho do Rio Grande do Norte, Dilma passou o dia em atividades públicas.

Não é o caso de afirmar que Elio Gaspari tenha com a verdade uma “relação agreste”. Acreditemos em coincidências, esperando, para a próxima semana, que ele corrija mais este erro factual que cometeu contra o governo Lula.

“A verdade não é um desejo”, ensina Todorov. Merval Pereira, Mônica Valdvoguel, Clovis Rossi, Fernando Rodrigues, Elio Gaspari, Carlos Monforte, Carlos Alberto Sardemberg e outros jornalistas afirmaram ou insinuaram que Dilma Roussef mentiu ao negar a reunião com Lina Vieira. Vamos ver, no fim desta história, quem mentiu e quem vai ter que pedir desculpas.



*Jorge Furtado é diretor de cinema, roteirista da TV Globo. De formação parcialmente autodidata, cursou medicina, psicologia, jornalismo e artes plásticas, sem concluir nenhum dos cursos. Dirigiu, dentre outros filmes, Ilha das Flores (1989), com os quais recebeu vários prêmios nacionais e internacionais, inclusive no Festival de Berlim; O homem que copiava, que recebeu vários prêmios, inclusive o Grande Prêmio Cinema Brasil, para o melhor filme brasileiro de 2003. Escreveu e dirigiu várias minisséries e dezenas de especiais a TV Globo. Em 2008, o Harvard Film Archive, ligado à Universidade de Harvard, promoveu a mostra "Jorge Furtado's Porto Alegre", com a exibição de 2 longas e 7 curtas.


Fonte: Blog do Nassif

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Pilantragem

Um mundo cheio de Linas e tapiocas
* Maria Inês Nassif

O caso da “denúncia” feita pela ex-secretária da Receita Lina Maria Vieira contra a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, não é o primeiro episódio na história recente do país em que um clima de escândalo sobe a uma temperatura máxima, alimentado por fatos que são o centro das atenções políticas por semanas até que sumam no ar como fumaça. Nesse caso, depois do depoimento de Lina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, anteontem, e de inúmeros indícios apontados por apoiadores e detratores, a pergunta que vem à cabeça dos acompanhantes mais atentos da cena política é: qual é mesmo o crime?


Lina disse, em entrevista à “Folha de S. Paulo”, que no final do ano passado Dilma pediu que a Receita concluísse rapidamente inquérito em andamento contra o filho do senador José Sarney, Fernando. Os jornais e a oposição inferiram daí que a ministra-chefe da Casa Civil pressionou a Receita a arquivar os processos contra o empresário maranhense. E se apegaram, como prova do crime, a uma suposta reunião que Lina teria mantido com Dilma. Passou-se a considerar que, provada a existência desse encontro, estaria automaticamente atestada a pressão de Dilma em favor do filho do presidente do Senado.

Convocada à reunião de Comissão e Justiça do Senado para explicar sua “denúncia”, Lina reiterou o “crime” de Dilma, de tê-la convocado para uma reunião, mas absolveu-a da acusação de tê-la pressionado para livrar a cara de Fernando Sarney na Receita. “Eu entendi, das palavras da ministra, que resolvesse logo as pendências, que desse celeridade ao processo, não me senti pressionada pela ministra”; “a ministra disse para agilizar a fiscalização do procedimento contra o filho de Sarney, mas, de forma alguma, o pedido foi para não investigar o filho de Sarney. Foi apenas para dar agilidade”; ao voltar a Receita, pediu a um dos subsecretários levantamento dos processos em andamento, descobriu “que tudo estava em ordem” e colocou “uma pedra no assunto”: “Não dei mais retorno para a ministra e ela não me cobrou mais sobre o assunto” (Valor, 19/8, A8).

O depoimento da ex-secretária da Receita sequer foi dúbio, ao contrário de suas contraditórias declarações anteriores. Ela inocenta a ministra da acusação que seria de fato crime: pressionar a Receita para não investigar alguém. Na ausência de evidências de pressão, a oposição retoma a estratégia de que o crime é ter convocado uma reunião. E pede acareação.

É certo que, nesses movimentos em que se força a criação de climas de forte comoção política, pouco importa o que se disse ou se dirá em favor de uma ministra cujo principal problema não é ter se reunido com alguém, mas ser candidata à sucessão de Lula em 2010, com o apoio de um presidente que tem grande popularidade e, supõem-se, capacidade de transferência de votos. Mas também não se registra uma tentativa de Dilma e dos governistas que assumiram a sua defesa de registrar o ridículo da situação. Caíram numa armadilha e vão ter que ficar na defensiva, negando que a reunião tenha existido, até que o fato que seria central – a pressão para inocentar Sarney, negada pela própria Lina – caia definitivamente no esquecimento, por falta de provas. O caso Lina, após a reunião da CCJ do Senado, entrou na lista das tapiocas.

Pelo padrão do que tem sido a disputa política nos últimos sete anos, desde a posse de Lula, presume-se que, daqui até as eleições do ano que vem, as tapiocas se repetirão, numa mesma técnica: denuncia-se, o fato denunciado é alimentado por pequenos detalhes enquanto for possível, convoca-se comissões e acareações e o clima chega (pelo menos institucionalmente) ao limite da tensão. Enquanto é possível, cria-se uma moral própria para o momento: a tapioca é imoral; convocar reunião é imoral. A repetição é fundamental na criação de um clima onde se atribui moralidade própria a um fato menor. E cada detalhe é prova da justeza do novo julgamento moral. A criação de “ondas” de comoção política atinge de imediato uma parcela da opinião pública que já é identificada ideologicamente com esses setores. São mais sensíveis a construções de caráter moral as classes médias. Nesse segmento social, as construções da oposição certamente criaram clichês próprios: a “tapioca”, o “mensalão” como característica exclusiva do PT etc. A estratégia de criar comoção política apenas é vitoriosa eleitoralmente, todavia, se consegue se expandir para além dos seus próprios votos, subtraindo eleitores do outro lado.

Na política recente, a exploração do escândalo Sarney teria muito maior potencial de expansão para setores sociais que votam hoje em Lula. Para a maioria da opinião pública, segundo atestam as últimas pesquisas, Sarney é a representação do que existe de ruim na política – e ele se sustenta graças ao valioso apoio do presidente Lula. O problema é que esse episódio tem potencial de atingir indiscriminadamente todos os partidos representados no Senado. Os fatos contra Sarney levantados pelos jornais não são assumidos como instrumento de luta política com tanta convicção pela oposição, como tem sido com o episódio Lina. Existem razões para isso.

Maria Inês Nassif é editora de Opinião do Valor Econômico.

Blog do Olímpio Cruz

Uma guerra privada com armas públicas

Globo x Record
Uma guerra privada com armas públicas

Não há mocinhos em nenhum dos lados da recente briga entre a TV Globo e a Rede Record de Televisão. Também não há mentiras nos ataques de uma contra a outra: os Marinho sempre tiveram uma relação espúria com o poder e a Record, uma interação promíscua com a Igreja Universal do Reino de Deus. Mas o problema central nessa guerra é que estão guerreando com armas alheias. Estão guerreando com armas públicas.

Por Rodolfo Vianna em 18/8/2009 (Reproduzido do Observatório do Direito à Comunicação)

Não há mocinhos em nenhum dos lados da recente briga entre a TV Globo e a Rede Record de Televisão. Também não há mentiras nos ataques de uma contra a outra: os Marinho sempre tiveram uma relação espúria com o poder e a Record, uma interação promíscua com a Igreja Universal do Reino de Deus. Mas o problema central nessa guerra é que estão guerreando com armas alheias. Estão guerreando com armas públicas.

É ingenuidade de pouco eco crer que não existem interesses econômicos e ideológicos guiando os grandes grupos de comunicação do país. A comunicação de massa tem papel estratégico na organização social e criação de valores e a informação também sofre diversos tipos de manipulações, das mais explícitas – edições de texto/imagens, escolha das fontes, qualificações – às mais sutis – o que é silenciado, o "tom" sobre o informado, as relações de uma notícias com outra, a ordem de apresentação.

É por isso que a luta pela democratização da comunicação não se restringe à criação de normas de conduta ao jornalismo hoje praticado, buscando a isenção e objetividade. Essa luta tem de visar a possibilidade de multiplicação de vozes, a multiplicação do que é informado e como é informado, permitindo ao cidadão obter mais dados sobre uma determinada realidade para que, com eles, forme seu juízo. Com o monopólio ou oligopólio da informação, restringem-se as versões da realidade, orientando visões de mundo.

Amadorismo tacanho

Qual o problema, então, com a recente disputa entre a Rede Globo e a Rede Record? Esta última está expondo a milhões de telespectadores informações que antes só eram conhecidas de um grupo restrito sobre a tenebrosa história da maior emissora do país. A Globo, por sua vez, ataca o sistema nervoso da segunda maior emissora, os incontáveis problemas da Igreja Universal do Reino de Deus. O conflito quebra um tácito pacto de não agressão entre os poderosos, e mais informações são disponibilizadas ao público. Quando dois gigantes brigam, os pequenos podem tirar proveito, imagina-se.

Só que esta "guerra" escancara de uma forma sem precedentes uma prática ilegal e imoral: os interesses privados estão sendo defendidos com armas públicas, as concessões de TV entregues aos Marinho e a Edir Macedo. Ao lançarem mão destas "armas", comprometem a função social dos meios de comunicação e, mais, infringem normas de utilização de uma concessão pública de radiodifusão.

Diferentemente de um jornal impresso, que é privado e responde atualmente somente às leis dos códigos Civil e Penal (já que não existe mais a Lei de Imprensa...), as emissoras de televisão operam por meio de concessões públicas e, como tais, estão obrigadas a cumprir determinações legais para o seu funcionamento. Não podem fazer o que bem entender com a sua programação, uma vez que só possuem o direito de chegar aos lares de praticamente todos os brasileiros porque o Estado brasileiro, em nome do povo, as tornou concessionárias públicas de radiodifusão.

Portanto, não importa quem tem razão nessa guerra privada entre Globo e Record. As duas cometem um gravíssimo erro ao utilizar a arena pública da radiodifusão de forma privilegiada para travarem as batalhas privadas que lhes interessam. A Rede Globo, caminhando por mais anos nessa estrada, tem mais expertise. Seus interesses são mais bem travestidos de "notícias" relevantes apresentadas à sociedade nos seus telejornais. A Record peca por um amadorismo tacanho, com a edição de "reportagens" em que nem sequer se preocupam em fazer a clássica divisão da objetividade aparente entre "opinião" e "informação".

Mesmo lado

Mas não importa o nível de sofisticação de cada uma delas. A disputa Globo x Record é a mais recente e nítida apropriação do público pelo privado.

(leia a íntegra)

sábado, 8 de agosto de 2009

"comunicação contaminada faz mais mal à saúde que água suja"


"Fúria da Globo é em relação à Conferência de Comunicação"


Em debate promovido pelo portal Vermelho, na sexta-feira (07), Paulo Henrique Amorim, do blog Conversa Afiada, disse que veículos como a Globo e a Folha de S. Paulo estão "exageradamente golpistas", em consequência da convocação da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) e pela descoberta de petróleo na camada de pré-sal durante o governo Lula.


O debate "Como enfrentar o PIG - Partido da Imprensa Golpista" organizado pelo Portal Vermelho contou com a presença Paulo Henrique Amorim, da TV Record e do blog Conversa Afiada; Laurindo Lalo Leal Filho, ouvidor da Empresa Brasil de Comunicação (EBC); e Altamiro Borges, diretor do Vermelho.

Após o debate, a noite de sexta-feira foi marcada também pelo coquetel de lançamento de dois livros publicados recentemente pela Associação Vermelho: ''Comunicação pública no Brasil: uma exigência democrática'', organizado por Renata Mielli; e ''A ditadura da mídia'', de Altamiro Borges.

Bem-humorado, o jornalista Paulo Henrique Amorim citou mais uma expressão que passará a utilizar no blog Conversa Afiada: o "PUM do PIG", Programa Unificado da Mídia do Partido da Imprensa Golpista, expressão que utiliza para denunciar a atuação unificada dos grandes veículos de comunicação em torno de alguns objetivos.

Segundo ele, há dois exemplos em curso de PUM, o primeiro é a opinião do PIG de que, devido à ineficácia do gov Lula, o Brasil morrerá de gripe suína, e o segundo é derrubar Sarney. E então o jornalista ironiza: "O PIG descobriu que o Sarney é o Sarney".

Lula cometeu erro estratégico

PHA se apresentou cético em relação aos resultados da Confecom. Para o jornalista, o governo Lula cometeu um erro estratégico ao não criar bases institucionais para derrotar o "PIG". O jornalista também defendeu a implementação de políticas públicas de estímulo aos veículos alternativos e considera que o avanço mais significativo na comunicação seja o trabalho de democratização do acesso à internet, embora lamente o engavetamento do projeto da Ancinav.

Além da Confecom, Paulo Henrique Amorim citou a descoberta de petróleo na camada de pré-sal como um dos motivos recentes de fúria da grande mídia e comparou a descoberta ao momento da campanha "O Petróleo é Nosso" e a situação política que levou ao suicídio de Getúlio. Já o professor Laurindo Lalo Leal foi além: "o golpe que matou Getúlio e o que derrubou João Goulart foram organizados pela imprensa".

A América Latina avança

Lalo defendeu que os caminhos para enfrentar o PIG passam pela presença regulatória mais forte do Estado em relação às concessões de espectro e o estímulo a veículos contra-hegemônicos. O ouvidor da EBC discorreu sobre os avanços em termos da democratização da comunicação em diversos países da América Latina, destacando-se o investimento em rádio e em veículos públicos.

Quanto ao Brasil, considera que o principal avanço foi a criação da EBC. Entretanto, ressaltou que qualquer tentativa de regulamentação é rapidamente taxada pelos veículos da mídia hegemônica como censura e citou o próprio caso da classificação indicativa e também a Ancinav.

"O debate sobre o PIG está crescendo, e deixa de ser coisa para especialistas". Com voz de satisfação, foi com esta frase que Altamiro Borges, o Miro, iniciou sua intervenção no debate. O jornalista valorizou a forte presença de movimentos sociais na conferência estadual de comunicação de São Paulo e soltou: "comunicação contaminada faz mais mal à saúde que água suja".

Processo da Confecom é pedagógico

Miro avaliou que o processo da Confecom é pedagógico, ajuda na tarefa de estimular o senso crítico e acredita que mais pessoas estão se dando conta de que a comunicação é um direito e uma questão primordial à democracia.

E levantou algumas bandeiras a serem defendidas na Conferência: fortalecimento da rede pública; rediscussão das concessões públicas; inclusão digital; fortalecimento da radiodifusão comunitária; estabelecimento de critérios para a distribuição da publicidade oficial, visto que hoje 48% desta verba é destinada só para a TV Globo; controle social e a constituição de um novo marco regulatório para a comunicação no país. E finaliza: "além do grande esforço da TV Pública". Miro defendeu ainda a criação da "Sociedade de Amigos da TV Brasil"

Para Miro, para combater o PIG é necessário organizar o "PIB", Partido Independente dos Blogueiros, termo alcunhado pelo jornalista Luiz Carlos Azenha, do blog "Vi o mundo", que estava presente ao debate.

Miro defende que, respeitando a diversidade, a riqueza dos blogs e outros veículos alternativos, é urgente criar uma sinergia entre esses veículos. Neste tema, Paulo Henrique Amorim defendeu a constituição de um fundo público, sem vínculos partidários ou religiosos, para financiar veículos alternativos.

O PL do Senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) também foi citado como instrumento que tem o objetivo de cercear o uso da internet, considerado até então um espaço mais democrático.

do Vemelho,
Por Luana Bonone
http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=61119

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A Cartilha que defende a saúde





A cartilha "O Olho do Consumidor" produzida pelo Ministério da Agricultura, com arte de Ziraldo, para divulgar a criação do Selo do SISORG (Sistema Brasileiro de Avaliação de Conformidade Orgânica) pretende padronizar, identificar e valorizar produtos orgânicos, orientando o consumidor na sua escolha de alimentos realmente orgânicos. Mas enfrenta dificuldades para a divulgação devido interesses de multinacionais.
Clique para o download e divulgue.
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quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Reconhecimento de Comunidades Quilombolas


Comunidades quilombolas terão 53 novos títulos até 2010

Herdeiros da tradição de quilombos de 53 áreas remanescentes terão títulos definitivos de posse da terra até 2010. Só neste ano, 11 dessas comunidades devem ser tituladas – o que beneficia 885 famílias com a posse definitiva de cerca de 20 mil hectares de terra.

Em 2010, o Incra deve encaminhar para a Casa Civil da Presidência da República os processos de mais 42 comunidades quilombolas. A área total destas 42 comunidades tem pouco mais de um milhão de hectares, que serão repassados para a posse de 7.301 famílias. Após a decretação das áreas como comunidades remanescentes de quilombo pela Casa Civil, o Incra promove a desintrusão (retirada) dos não quilombolas e emite o título definitivo.

Das 11 comunidades que devem ser tituladas ainda em 2009, cinco ficam no Rio Grande do Sul e duas no Pará. São Paulo, Rondônia, Maranhão e Alagoas têm uma área quilombola cada. “Vamos operar no sentido de minimizar as dificuldades para agilizarmos as titulações”, diz a coordenadora-geral de Regularização de Territórios Quilombolas do Incra, Givânia Silva.

Metas – A definição das metas ocorreu na segunda-feira (27), durante reunião com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, do presidente do Incra, Rolf Hackbart, e de mais 10 ministros, entre outras autoridades ligadas à questão quilombola no Brasil.

Segundo Hackbart, 851 processos foram abertos nos últimos seis anos. Foram publicados 87 editais com Relatórios Técnicos de Identificação e Delimitação (RTID) de comunidades quilombolas. Os dados citam ainda a publicação de 45 Portarias de Reconhecimento de Comunidades Quilombolas e a emissão de 38 títulos definitivos – 11 pelo Governo Federal e 27 em parceria com os estados do Pará, Piauí e Maranhão. A emissão dos 38 títulos beneficiou 3.338 famílias remanescentes de quilombos, com a posse de 303 mil hectares de terras.

Brasil Quilombola – O Programa Brasil Quilombola, criado em 2004, coordena as ações governamentais para as comunidades remanescentes de quilombos, com ênfase na participação da sociedade civil. O programa é coordenado pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), ligada à Presidência da República, e tem suas ações executadas por 23 órgãos da administração pública federal, além de empresas e organizações sociais. O Incra é o responsável pela regularização fundiária das comunidades quilombolas.


de A Questão (Editado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República)nº859 - Brasília, 3 de Agosto de 2009

domingo, 2 de agosto de 2009

As charges geniais de Bessinha.


Merdamorfose Falante
Essa pessoa nefasta.
Hipocrisia é seu nome, Arthur Virgílio.

"... cerca de quarenta senadores foram amplamente citados (depois, convenientemente esquecidos) por toda a mídia nacional no início da crise do Senado, hoje crise do Sarney. Todos envolvidos com os atos secretos que enlameiam o Senado. Todos igualmente condenáveis por terem praticados atos de igual gravidade. Se menos praticaram, é por que tiveram menos poder e oportunidade da prática malsã. O senador Cristovam Buarque tem ato secreto nomeando a esposa para cargo público; Artur Virgilio confessou haver bancado, com patrocínio (“meu, seu, nosso”, como costuma dizer a mídia) do Senado, um comensal do seu gabinete por quase dois anos na Espanha; Virgilio também usou indevidamente dez mil dólares para tratamento de pessoa da sua família em Paris; Demóstenes Torres, Heráclito Fortes e Eliseu Resende têm seus nomes em boletins sigilosos ou casos de nepotismo. ..." (Boletim HSLiberal)

A vingança de consumidor que estourou no mundo



Empresa área quebra guitarra e vira hit na internet


Dave Caroll, um músico canadense que teve seu violão danificado durante um vôo entre o Canadá e os Estados Unidos se transformou num novo hit na internet. Mais de 4,5 milhões de pessoas já viram no YouTube um videoclipe que ele gravou com uma reclamação musicada contra a United Airlines. O sucesso do vídeo fez com que a empresa, que havia se recusado a indenizar o músico, revisse sua posição.



Em março de 2008, durante uma viagem entre Halifax, no Canadá, a Chicago, nos Estados Unidos, onde Dave iria se apresentar, teve um dissabor. Sua guitarra apareceu quebrada na esteira de bagagens. O conserto de seu violão quebrado durante o transporte custou mais de R$ 2.400 , mas a United se recusou a pagar.


Após meses tentando uma compensação da companhia, sem resultados, Dave teve ideia de postar o videoclipe com a reclamação no YouTube. “Vocês quebraram, deveriam consertar. Vocês são responsáveis, admitam. Eu deveria ter voado com outra companhia ou ido de carro, porque a United quebra guitarras”, diz ele na música.


Amigos do cantor representaram carregadores de bagagem e jogam entre eles, sem cuidado, uma caixa de violão, que cai no chão, enquanto Carroll e outros passageiros vêem a cena das janelas do avião. A vingança foi um sucesso. Dave foi parar no programa da Oprah, uma das maiores audiências da TV americana.


E não parou por aí. A canção “United Breaks Guitars” (United Quebra Guitarras) é atualmente a 20ª mais vendida na lista do iTunes no Canadá, e as vendas dos CDs de sua banda, Sons of Maxwell, também subiram. Até o fabricante da guitarra danificada ofereceu a ele um novo instrumento. Depois de tanto barulho, a United escreveu uma carta a ele sugerindo compensá-lo pelo violão quebrado. Demorou tanto que o músico já tem uma segunda música engatilhada e uma terceira no forno. A United agora corre para consertar o prejuízo. Quer ressarcir o músico e um porta-voz ainda propôs usar o vídeo em treinamentos internos sobre atendimento ao cliente.

Uma revanche perfeita de um consumidor indignado. Que venham outras!

(blog do curioso)

sábado, 1 de agosto de 2009

Ditadura midiática


É só o começo. A aproximação da Conferência Nacional de Comunicação, que se realizará em dezembro, está deixando a mídia histérica.

Com o descaramento de quem tanto se beneficiou durante a ditadura militar, usando de artifícios, querem por fim ao projeto de democratização e da consolidação de uma rede pública.

É preciso mudar de canal e abrir os olhos para a finalidade da televisão.

Vale a pena ler a matéria publicada no blog “Janela sobre a palavra”.



'Folha' lança campanha pelo fechamento da TV Brasil

Como sempre, a Folha de S.Paulo e a mídia hegemônica não dão ponto sem nó. A reportagem da Folha sobre a crise na EBC, publicada nesta quinta-feira (30) sob o título “Tela Fria”, não era desinteressada e muito menos procurava informar os acontecimentos envolvendo as renúncias de membros do conselho curador da EBC e as dificuldades de implantação da rede pública de televisão no país, como ficou explicito no editorial desta sexta, "TV que não pega".

Por Renata Mielli, no blog Janela sobre a Palavra


O jornal dos Frias lança descaradamente a campanha pelo fechamento da TV Brasil. “Os vícios de origem e o retumbante fracasso de audiência recomendam que a TV seja fechada — antes que se desperdice mais dinheiro do contribuinte”.

Para chegar a tal veredicto, o jornal enumera os problemas da EBC: perdeu seis dos 15 conselheiros originais de um conselho nomeado pelo presidente Lula, exíguo alcance do canal, saída de três diretores vinculados ao Ministério da Cultura, cabide de empregos, o anúncio de Belluzo dizendo que entregará o cargo na presidência do conselho, irrelevância técnica, alcance restrito na rede aberta, criada por medida provisória e não por projeto de lei.

A quem interessa o fracasso da TV Brasil

Desde que setores do governo e da sociedade começaram a se movimentar pela criação de uma rede pública de televisão, os empresários do setor da radiodifusão e de toda a mídia hegemônica torceram o nariz. Afinal, criar um veículo de comunicação que não esteja ancorado nos valores e interesses do mercado e que poderia se constituir num contraponto ao que é veiculado nas emissoras comerciais seria abrir uma brecha no monopólio midiático que impera no país.

Desde 2007, quando foi lançada, a mídia tenta desqualificar a iniciativa, seja a partir de factóides, seja a partir de problemas reais que a iniciativa enfrenta.

Recuperar o projeto original

Os movimentos sociais e de luta pela democratização da comunicação participaram ativamente do 1º Fórum de TV’s Públicas, realizado em agosto de 2007 e, desde muito antes, já encampavam a campanha pela criação de uma rede pública de televisão no Brasil.

Dos debates à implantação efetiva da Empresa Brasil de Comunicação, ficaram pelo caminho muitos aspectos fundamentais para garantir o caráter público da TV, para tornar efetiva a participação da sociedade nas discussões das diretrizes de gestão, programação e fiscalização através do conselho curador, para superar as dificuldades na diversificação das receitas orçamentárias, para agregar outras emissoras na composição da rede, entre outras.

Esses problemas precisam ser enfrentados para garantir que o projeto original de construção de uma TV pública seja efetivado. Ou seja, uma TV que contribua para a universalização dos direitos à informação, comunicação, cultura, educação e outros direitos humanos e sociais, que expresse a diversidade de gênero, étnico-racial, cultural, regional e social do Brasil e que esteja ao alcance de todos.

Em vários momentos, os movimentos sociais têm apontado suas críticas à forma como o projeto vem sendo implantado. Um dos graves erros cometidos pelo governo foi a nomeação de um “conselho de notáveis” com pessoas que pouca ou nenhuma relação têm com os movimentos sociais organizados ou com as discussões sobre a comunicação no Brasil. Ter personalidades no conselho não é um problema em si, mas conferir um caráter emblemático a um conselho que tem papel nevrálgico na constituição de uma rede pública — num país que nunca experimentou tal modelo — foi um erro crasso.

Erro que foi potencializado pela exclusão das entidades do movimento social brasileiro desse organismo que deveria ser o dínamo da construção de uma rede de fato pública.

Não vamos jogar a água suja do balde com a criança dentro!

Com todos esses e tantos outros problemas que de fato precisam ser enfrentados, alguns de solução mais rápida, outros nem tanto, a luta pela democratização da comunicação do Brasil não pode prescindir de uma rede pública de televisão.

É preciso pressionar e mobilizar a sociedade para apontar os erros cometidos, mas volto a repetir — apenas aos empresários da mídia hegemônica que não querem ver o seu monopólio ameaçado interessa o fracasso da TV Brasil.

Neste momento, é preciso compreender que a bandeira é a da defesa da EBC e da TV Brasil, defesa esta que se faz de forma crítica e propositiva. Diante dos ataques, precisamos fazer uma defesa determinada.

Fonte: Vermelho.

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