domingo, 31 de agosto de 2008

Não se pode jogar a tortura debaixo do tapete

As Forças Armadas não têm nenhum motivo, ao contrário, para se identificarem à tragédia da tortura. Para bem cumprir suas funções constitucionais podem se guiar por militares e brasileiros exemplares, como o Marechal Rondon, o Marechal Henrique Lott ou o capitão Sérgio Macaco.

Antônio Augusto

As reações de militares ao atacar o debate sobre a tortura praticada durante a ditadura não estão em sintonia com o regime democrático vigente no país nem com o sentimento do povo brasileiro.Após afirmar ao sair de ato no Clube Militar, no último dia 7, que “o único erro foi torturar e não matar”, além de agredir manifestantes com palavrões, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), na sessão da Câmara no dia 12, voltou a cometer xingamentos e ofensas, contra ministros do governo Lula.

O fato irritou o presidente da sessão, deputado José Inocêncio (PR-PE), a ponto dele determinar ao Serviço de Taquigrafia o corte das indevidas expressões proferidas pelo defensor da tortura e do assassinato. O deputado Bolsonaro responderá a processo regimental e poderá perder o mandato pela permanente quebra do decoro parlamentar.

Nota conjunta dos clubes Militar, Naval e da Aeronáutica, classificou como “imoral e fora de propósito” a iniciativa dos titulares da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, e da Justiça, Tarso Genro, de defender o direito à memória e à verdade, bem como a apuração de responsabilidade de torturadores, pois, enfatizaram os ministros, a tortura é crime de lesa-humanidade e imprescritível.

A mídia dominante de direita procurou desinformar a população. Embora ambos os ministros sublinhassem não estar em jogo a revisão da Lei de Anistia, de 1979, o assunto assim foi apresentado. O Globo, por exemplo, se superou, chegou a apontar os insatisfeitos com a discussão sobre a tortura como os grandes defensores da anistia.


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quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Diante da vaga de palavras, levantemos um dique!





(...)


Quem vale mais:


o poeta ou o técnico


que produz comodidades?


Ambos!


Os corações também são motores.


A alma é poderosa força motriz.

Somos iguais.


Camaradas dentro da massa operária.


Proletários do corpo e do espírito.


Somente unidos,


somente juntos remoçaremos o mundo,


fá-lo-emos marchar num ritmo célere.


Diante da vaga de palavras


levantemos um dique!


Mãos à obra!


O trabalho é vivo e novo!


Com os oradores vazios, fora!


Moinho com eles!


Com a água de seus discursos


que façam mover-se a mó!




Vladimir Mayakovsky(1893-1930)


trecho da poesia O Poeta e o Operário , na íntegra no link.


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terça-feira, 26 de agosto de 2008

CIRCO DO MAL


CIRCO OU HOSPÍCIO?


Leandro Fortes



Na tarde de 7 de agosto, a voz pastosa do general Gilberto Barbosa de Figueiredo pairou sobre a platéia de 600 espectadores espremidos no Salão Nobre do Clube Militar, no Rio de Janeiro. Presidente da entidade, Figueiredo havia organizado um ato em protesto contra a possibilidade de contestação da Lei da Anistia e abertura de processos contra os repressores da ditadura. Poucos dias antes, o ministro da Justiça, Tarso Genro, e o secretário especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, haviam defendido a punição a torturadores a serviço do Estado.


A primeira parte do convescote, com a apresentação do tema da discussão e a íntegra das falas de três palestrantes convidados, foi gravada pela direção do Clube Militar e, posteriormente, registrada em um CD com 133 minutos de duração. CartaCapital teve acesso a este material. Entre cômicas e trágicas, as intervenções ecoam aquele espírito que precedeu as casernas às vésperas do golpe de 1964.Foi um festival de louvores ao autoritarismo, defesa explícita do golpismo e os mais rotos chavões a respeito do "perigo comunista".


Os palestrantes – um general, um pecuarista e um ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça – conseguiram transformar a centenária confraria militar, instalada no número 251 da avenida Rio Branco, numa espécie de hospício para traumatizados da Guerra Fria.


Confira agora alguns trechos selecionados do discurso dos militares, que mostram o que a caserna brasileira pensa realmente sobre a abertura dos arquivos da ditadura e a punição aos torturadores.

"A anistia de 1979 não era para idealistas que rompiam com a legalidade na esperança de um país melhor. Era anistia para marxistas, marxistas-leninistas, revolucionários maus, perversos, que não perdoam a derrota". (General Sérgio Augusto Coutinho, ex-chefe do CIE) "O coronel Brilhante Ustra é o alvo enigmático (sic) da tortura no Brasil". (General Coutinho).


Leia na íntegra aqui.

A matéria completa está na versão impressa da Revista Carta Capital. É um episódio histórico, ninguem deveria desconhecer.
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domingo, 24 de agosto de 2008

O desafio do Jornalista


São exemplos que devem ilustrar a todos nossos jornalistas.

A verdade em nossos tempos navega por mares tempestuosos, onde a mídia está nas mãos dos que ameaçam a sobrevivência humana com seus imensos recursos económicos, tecnológicos e militares.

Esse é o desafio dos jornalistas cubanos!

(Fidel Castro Ruz)

Trecho de artigo de Fidel, em suas reflexões. Faz um resumo das ações dos EUA na história recente. São revelações importantes para quem quer conhecer a realidade. Vale muito a pena ler.

Leia o artigo na íntegra aqui

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

TV INTERTRIBAL Vídeos e informação na Internet

O documentário IX Jogos dos Povos Indígenas, do diretor Ronaldo Duque, foi selecionado para participar do IX Festival Internacional de Cine Y Video de Los Pueblos Indígenas, que será realizado em setembro/2008 nas cidades de La Paz e Santa Cruz d La Sierra, Bolívia. O documentário produzido com o apoio dos Ministérios da Cultura e do Esporte foi realizado em outubro do ano passado durante os Jogos Indígenas da Cidade de Recife e Olinda em Pernambuco. Através da Internet é possível assisti-lo no site http://www.tvintertribal.com.br/.


A Tv Intertribal é uma web Tv totalmente dedicada a veicular conteúdos de texto, áudio e vídeo sobre as nações indígenas brasileiras. O portal foi desenvolvido pela produtora Fábrica de Fantasias Luminosas, de Brasília, em parceria com a Hot Media, empresa de tecnologia baseada em Porto Alegre. A Tv Intertribal já está no ar em caráter experimental desde o início deste mês. Dois documentários estão sendo exibidos: IX Jogos dos Povos Indígenas, realizados em outubro nas cidades de Olinda e Recife, em Pernambuco, e Corpo a Corpo, vídeo-poema sobre o Povo Ianomami, ambos realizados pelo cineasta Ronaldo Duque, um dos idealizadores do site.


A TV Intertribal também está mostrando uma reportagem sobre a Primeira Mostra Vídeo Índio Brasil, realizada em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, no final do mês de junho. Exibe ainda entrevistas com o sertanista Sidney Possuelo e com a fotógrafa inglesa Sue Cunningham sobre a exposição Coração do Brasil. "O site é uma janela aberta para o mundo. Inicialmente, além do português, estaremos traduzidos para os idiomas inglês e espanhol. Vamos reunir o que existe de melhor entre filmes e vídeos sobre os índios brasileiros. Vamos produzir programas e reportagens por esse Brasil a fora com o apoio de videastas indígenas e estudantes de comunicação, usando equipamentos ágeis, práticos, de fácil manuseio. Nossos 'correspondentes' são todas as pessoas desse país que respeitem nossas origens e os milhares de 'parentes' que resistem em nossos cerrados e florestas por mais de 500 anos", acrescenta empolgado Ronaldo Duque.

Para Marcos Terena, atualmente diretor do Memorial dos Povos Indígenas, museu construído por Oscar Niemayer em Brasília, a criação da TV Intertribal representa um avanço extraordinário na divulgação da cultura, na defesa dos direitos dos povos indígenas brasileiros e a política de acesso a novos conhecimentos, tecnologia e informações.

O Conselho Editorial da TV Intertribal está sendo formado. Já confirmaram sua participação o cineasta Marco Altberg, do Rio de Janeiro, os jornalistas Ricardo Carvalho de São Paulo e Memélia Moreira, atualmente nos EUA, Ronaldo Duque cineasta, Marcos Terena diretor do Memorial dos Povos Indígenas e o sertanista Sidney Possuelo.
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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

O Papa é Hipócrita

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Deu no Ancelmo Goes:

Tira isso, santidade!
A capa do Papa
Surgiu na Itália uma petição on-line da Associação Italiana de Defesa dos Animais contra o hábito de Bento XVI de usar capas de pele.
Mais de 3 mil pessoas já assinaram. Confira - e assine também.
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Eu, já assinei.

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sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Idéias, flores e armas


Todas as Armas - reflexões sobre um movimento
Leila Jinkings

O maio de 1968 é um símbolo e o apogeu dos movimentos políticos e comportamentais. Além das barricadas, a imagem que vem a mente são as cores e os sons psicodélicos do movimento hippie e do Tropicalismo.


O movimento hippie desperta reações diversas e apaixonadas. Uns rotulam de "um bando de porras-loucas, drogados e vagabundos", outros, de que "era só sexo, drogas e rock and roll" e, ainda, "um movimento de burguesinhos", "alienados", e por aí vai. Muitos o compreendem como a utopia de romper as estruturas da sociedade por meio da prática de ações libertárias. Não costuma ser prudente definir com rigidez movimentos dessa amplitude. A dinâmica da história ensina que o movimento social surge, geralmente, de um acúmulo de fatores que tem sua catarse em dado momento. O epicentro do movimento foi, sem dúvida, nos EUA, a reação à guerra contra o tão minúsculo quanto bravo povo vietnamita.


O movimento hippie não pregava apenas a paz e o amor. Ingênuo ou não, eles queriam o bicho homem mais importante que tudo. Queriam a sociedade voltada para o bem estar da humanidade. Pregavam a liberdade de dispor do próprio corpo, de viver e de amar como quiser. "Make Love. Not War". Mas o cerne do movimento era contra a sociedade do consumo.


No mundo todo, a juventude começava a reagir ao conservadorismo e à repressão sexual. Focos pelo mundo, foi nos EUA onde se percebeu a cristalina explosão daquela ruptura de valores. Após a Segunda Guerra Mundial, ainda durante o nefasto macartismo, surgiu o movimento que ficou conhecido como beatnik, liderado por poetas e estudantes. A geração beatnik abria a cabeça para conhecer a cultura negra, a cultura nativa dos índios, além da cultura oriental. Conheceram aí filosofias e religiões, além da música indiana, que passaram a influenciar a criação artística. O termo hippy é derivado de "hipster", usado para designar os brancos que se envolviam com a cultura negra e a índigena. A contracultura cria corpo com o combate à política externa de dominação estadunidense.


Tinha início, nos EUA, uma onda de protestos contra a guerra do Vietnã. No Brasil, contra a ditadura. A repercussão dessa guerra era mundial, assimilada de acordo com as conjunturas locais. No Brasil, a guerra repercutia na resistência contra a ditadura, que era apoiada e orientada pelo mesmo agressor. O pensamento de Ho Chi Min tinha grande aceitação por representar um povo heróico que resistia à ocupação do gigante.


A fotografia e a televisão levam as notícias da guerra e promovem um grande impacto no mundo. Nos EUA, além do conservadorismo, havia quem apoiasse a guerra, enganados pela propaganda. Mas não o meio intelectual e estudantil, que repudiava firmemente a política externa de Washington. Após as primeiras manifestações, intramuros universitários, os protestos tomaram as ruas. Percebendo o poder da comunicação de massa, exigiam liberdade de expressão, questão já abordada desde 1964, quando ocorreu o "Free Speech Movement" (Movimento pela Liberdade de Expressão).


A luta contra a guerra une a juventude do mundo. “Mas quem tomou as grandes decisões em 1968? Os movimentos mais característicos do 68 idealizaram a espontaneidade e se opuseram à liderança, estruturação e estratégia”, disse Eric Hobsbawn. Havia uma nova maneira de pensar e de agir. Inovou-se em tudo. As manifestações, sob a vista da TV, eram muito visuais, com slogans, cartazes coloridos, faixas e muita pichação. Se o carro chefe dos protestos nos EUA era a invasão ao Vietnã, na França era o autoritarismo e na América Latina a luta contra a ditadura.


Uma parcela da juventude estadunidense passa a manifestar-se de uma forma diferente: tentavam traduzir seus anseios - de acabar com a guerra e com o consumismo da sociedade capitalista - pregando um estilo de vida alternativo. Eles eram contra a guerra e defendiam que se precisava mudar a sociedade. Questionavam a autoridade, a hipocrisia da moral burguesa e a ganância. Criticavam os meios de comunicação de massa e a economia de mercado. Repudiavam a repressão sexual cristã e, para defender a liberdade sexual, praticavam o amor livre ostensivamente. Vestiam-se com roupas coloridas e artesanais. As roupas usadas, compradas nos bazares, recebiam bordados, bótons, retalhos, incluindo brincadeiras com roupas formais como o paletó.


Usavam flores, colares, pulseiras, tudo muito colorido como a celebrar a vida. A busca por novas culturas trouxe-lhes conscientização sobre os benefícios do uso de produtos naturais e o amor à natureza. Passaram a viver em comunidades rurais, onde consumiam o que plantavam. A maconha substituiu as drogas da sociedade de consumo, o álcool e o cigarro. O trabalho era coletivo. Educavam os filhos coletivamente. Tudo era dividido e respeitado pela comunidade. Para a sobrevivência, fabricavam peças artesanais, que eram vendidas juntamente com o que plantavam. Era a sua utopia de sociedade igualitária.


Em contraponto à convocação para a guerra, os hippies pregavam a desobediência civil e deixavam os cabelos crescerem. Nas drogas, procuravam a abertura da mente a novas percepções, a elevação do espírito, a meditação e a criatividade. Além da "marijuana", adotaram o uso do LSD, que já vinha sendo difundido nas universidades. Usavam também o "cogumelo mágico", encontrado em fazendas onde se cria gado e que contém substâncias alucinógenas.


A música, principalmente o rock, foi a maior expressão artística desse movimento, cujos expoentes, com letras inteligentes e de conteúdo contestador, são Bob Dylan, Joan Baez, Janes Joplin, Jimi Hendrix e Joe Cocker. A música "Blowin in the Wind", de Dylan tornou-se quase um hino. O festival de Woodstock - Festival de Música e Artes de Woodstock, em uma fazenda nos arredores de Nova Iorque, foi o momento mais marcante do movimento, com três dias de musica e quase 500 mil pessoas presentes. Foram três dias de paz, amor e musica, com liberdade sexual, liberdade para usar drogas livremente e um espírito de comunidade que garantiu a ordem - nenhum registro de violência ou roubo -, deixando à policia apenas o controle do trânsito caótico.


A sociedade capitalista, como de hábito, absorveu oportunisticamente o movimento contestatório e, desvirtuando o estilo de vida, transformou-o em mais uma mercadoria a consumir. A moda hippie passou a ser exposta em vitrines e a indústria cultural explorou ao máximo a arte e a música produzidas. Decepcionados, os autênticos praticantes passaram a evitar a superexposição. Por outro lado, o preconceito da classe média, por toda parte, marginalizava aqueles que aderiam à filosofia hippie. Os "ripis", estendendo-se aos artesãos, passaram a ser sinônimo de vagabundos, desocupados e maconheiros.


O legado desse movimento, porém, é significativo: foram eles que introduziram a preocupação com o meio ambiente e com a natureza e introduziram os alimentos naturais. Questionaram a convenção do casamento e pregaram a revolução sexual e a igualdade, reflexões que repercutiram com importância nas décadas que seguiram. Introduziram, também, a ioga, a meditação, as culturas ocidentais e primitivas, a literatura esotérica, ampliando as reflexões filosóficas em contraponto ao catolicismo dominante. Exibiram ao mundo que "outro mundo é possível". O seu espírito de experimentação e as suas inquietações colocaram em cheque a cultura de massa, influenciando positivamente a juventude.


Aqui no Brasil, enquanto isso, o movimento que culminou com o Tropicalismo, guarda uma significativa identidade com o hippie: o psicodelismo, a busca de inovações, a rebeldia e a quebra de tabus, entre outros. O regime ditatorial, implantado com o golpe militar de 1964, provocou uma necessidade de expressão cultural que se refletia nas artes. A música de protesto, as artes gráficas, o teatro e o cinema tiveram intensa produção nesse período. Os Mutantes à frente, junto com Rogério Duprat, Tom Zé, Gilberto Gil e Caetano Veloso, revolucionaram a música e a poesia. Eles também buscaram se diferenciar no comportamento social, na vestimenta e na busca de culturas esotéricas.


Mais à frente, Raul Seixas funda a Sociedade Alternativa, com influência esotérica e da cultura hippie, fortemente libertário. "Faz o que tu queres, pois é tudo da lei".


Na política, não foram vitoriosos, nem os que lutaram com as flores e nem os que pegaram nas armas. Do que foi plantado, no entanto, muitas sementes germinaram. As liberdades democráticas, a participação da mulher, a igualdade racial, a supremacia intelectual sobre as trevas da repressão comportamental são frutos que abriram caminhos.

O Velho e o Mar - em animação de Petrov

Filme curta metragem de animação, de Alexandre Petrov, que realiza um trabalho belíssimo em tinta sobre vidro.
Baseado no clássico "O velho e o mar", de Hemingway, ganhou o Oscar de melhor curta de animação.
Alexander Petrov é um cineasta de animação russo que desenvolve seus filmes pintando a óleo, com os dedos, sobre vidro, quadro por quadro, num estilo que lembra o Impressionismo. Iniciou o trabalho de animação em 1981. As referências literárias são frequentes em seus filmes.


quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Os Capangas de Washington



La CIA, el esbirro de Washington

Desde hace varias décadas, la Agencia Central de Inteligencia de Estados Unidos (CIA) ha sido acusada de realizar una amplia gama de actividades ilegales, y hasta criminales, contra los propios estadunidenses y contra ciudadanos extranjeros, acusaciones que han sido sistemáticamente desmentidas por Washington. Sin embargo, la próxima publicación, el 25 de junio, de un archivo sobre los programas y operaciones ilícitos de la CIA deja en claro que la agencia ha sido un oscuro instrumento de la Casa Blanca para consolidar, por cualquier medio, su hegemonía mundial y minar la resistencia nacional e internacional a sus ambiciones.

Las actividades ilegales enlistadas en el archivo no dejan lugar a dudas: la CIA ha sido desde los años 50 la mano negra de Washington encargada de hacer las tareas sucias que la Casa Blanca prefiere mantener en secreto. Tal afán de incógnito se debe al carácter inaceptable y reprobable de sus acciones, contrarias al discurso de respeto a la democracia, al derecho internacional y a los principios humanitarios que los sucesivos gobiernos de Estados Unidos tanto han pregonado. Pero lo peor de todo es que la CIA sigue recurriendo a esas prácticas, a pesar de los escándalos y de la oposición que suscitan.

Entre las medidas ilícitas perpetradas por la agencia figura el secuestro de un desertor ruso, el cual tiene su paralelismo actual con los secuestros de sospechosos de terrorismo por parte de la CIA en territorios de otros países y su traslado en vuelos secretos a cárceles clandestinas en terceras naciones.

La agencia también ha intervenido las comunicaciones de connotados periodistas, lo que constituye un inequívoco atentado contra la libertad de prensa. Aunado a esto, la CIA ha espiado a los disidentes y críticos de la política oficial, como los detractores de la guerra de Vietnam y los activistas en pro de los derechos civiles de la población negra de Estados Unidos, incluido Martin Luther King. En la actualidad, la CIA, junto con otras agencias de inteligencia, forma parte del programa Echelon, de espionaje electrónico y satelital a escala internacional, y del programa Carnivore, destinado al espionaje electrónico nacional. De hecho, la decisión de la Casa Blanca de autorizar la intercepción de comunicaciones sin la necesidad de una orden judicial es un eco de los métodos empleados por la CIA.

Por otra parte, la revelación de que la agencia fraguó complots para asesinar a jefes de Estado como Fidel Castro demuestra su falta de escrúpulos para recurrir a medidas propias de una organización mafiosa, a la vez que pone de manifiesto la intolerancia de Washington hacia los gobiernos que se oponen a sus designios. Ello sin mencionar que al mismo tiempo que la Casa Blanca intentaba eliminar a personajes como el mandatario cubano, alababa y respaldaba abiertamente a dictadores tan sangrientos como el chileno Augusto Pinochet, situación que pone al descubierto la hipocresía y el cinismo de la política exterior estadunidense.

Otro suceso que llama la atención es la experimentación de drogas en seres humanos financiada por la CIA para modificar, y por ende manipular, el comportamiento de las personas: se trata de programas prohibidos incluso por las leyes de Estados Unidos, que violan los derechos humanos y los principios éticos que rigen la investigación médica.

Queda demostrado, pues, que la CIA es hoy por hoy el máximo exponente del llamado terrorismo de Estado y una de las entidades más peligrosas para la estabilidad mundial, sobre todo en el contexto actual de las guerras contra el terrorismo islámico y el narcotráfico internacional.

Do sítio Memória Viva
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